segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Eternal Sunshine of the Spotless Mind.


"Feliz é a inocente vestal. Esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida. Brilho eterno de uma mente sem lembranças. Toda prece é ouvida, toda graça se alcança." (Alexander Pope)



Eu estou exatamente aonde eu queria estar. E feliz como imaginaria que estaria. :)

sábado, 26 de dezembro de 2009

Meu canto lá do outro lado


"Every time I think of you
I get a shot right through
Into a bolt of blue
It's no problem of mine
But it's a problem I find
Living the life that I can't leave behind..."



E se você tiver que me esperar um pouco mais, que guarde o calor mais aconchegante pra me acomodar quando eu voltar. Porque esse espacinho meu aí em você, passe o tempo que for, é meu, só meu, e não de quem quiser.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Natal. Weihnachten. Christmas. Navidad


Todo fim de ano deixa a gente emotiva, mas esse, em especial, foi a maior das emoções, o maior dos desafios, o gostinho de maior conquista, a vivência mais saborosa. Eu queria ter palavras em compasso, eu queria ter a rima mais combinada, eu queria ter o gosto de tudo novamente, ainda que fosse de camarote, de platéia. Eu queria re-assistir esse filme chamado ano, eu queria chorar nas minhas partes marcantes, queria vibrar nas partes de revanche, queria carregar em uma bagagem de memória sem fim. Porque nas minhas malas, tem vindo mais do que eu esperava trazer, e somente isso, já é tão prazeroso que eu mal sei como agradecer. Obrigada. Danke. Thank you. Gracias...e ainda falta tanto pra dizer...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Because we have to be where our heart is!


"When you are in peace anywhere is like home!"

*


Pronto. Uma pressa desacelerada, uma calma acertada, uma paz nomeada casa. É assim que me sinto, é assim que estou. Em casa, em paz, em dias de muito prazer por simples coisas. Engraçado como nosso coração tem lá seus gostos inegáveis e eternos por pessoas e lugares. É bom saber que existe tanto construído aqui dentro, para me acompanhar por onde quer que eu vá lá fora. E melhor ainda é voltar pra reencontrar. Wellcome back to London, girl!

sábado, 19 de dezembro de 2009

Hasta luego!




Tici dice:
estou tao feliz de estar voltando!!!
Bruna dice:
é amanhaaaaaaa
Tici dice:
me sinto voltando p casa
hahahaha
eh estranho ne?
Bruna dice:
hahahahaha
Bruna dice:
muito!
mas vc é doida
Bruna dice:
nao tem como saber seu destino
Tici dice:
londres é inexplicável pra mim!
Bruna dice:
sério Tici?
pq?
q hrs vc chega amanha by the way?
Tici dice:
foi TDO mto intenso!
eu n esperava nada do q aconteceu aí
tudo mto surpresa
e eu me sentia em casa...
hahaha
eu te conto qdo estiver aí
chego 8 da noite
Bruna dice:
blzzz!
venha logo!:)




Sim, estou indo! Tão feliz que quase explodo!
Adios España...se o meu destino quiser, nos vemos muito em breve.
;)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Mulheres retadas!


"Ticiana just took the "Which wife of Henry VIII are you?" quiz and the result is Anne Boleyn.

You are fashionable, fabulous and sharp witted but also very high maintenance... you don't hesitate to make your man jea...lous or withhold your favors no matter what the consequences. You are Anne Boleyn, Henry VIII's infamous 2nd wife. Henry fell madly in love with Anne while still married to his first wife. Anne resisted the kings sexual advances for years until he broke with the Catholic Church, annulled his wife and married her crowning her Queen of England. After 3 years of marriage she was only able to produce one daughter (the future Elizabeth I) and couldn't keep the king interested. She was found guilty on trumped up charges of adultery and incest and was beheaded when she was 27. Henry was married ten days later to Jane Seymour."


**

Eu sempre me atraí por histórias fortes, sempre admirei mulheres de personalidade forte, de passo marcante, de garra notável. Não foi muito difícil ter a quem copiar. Os melhores exemplos sempre estiveram ali, pertinho de mim. A história dos meus pais não foi dos mais belos e corretos romances já conhecidos nesse mundo de tantas tragédias românticas e finais felizes, ou não. Mas por conhecer tantos detalhes, por ter acompanhando troca de cartas de quando eu ainda nem era nascida, e ter observado, de camarote, os temperamentos de ambos, aprendi a admirar a beleza de uma estória única, somente deles, nossa, apenas nossa.

Minha avó, mãe do meu pai, morreu antes que eu nascesse. Gostava de frutos do mar, mas não podia comê-los, era alérgica. Teimosa, comeu. Pronto, morreu pela boca: edema de glote. Por não tê-la conhecido (embora eu já me identifique com essa estória de não poder comer, e ainda assim fazê-lo), a única vó que tive por toda minha vida, foi a mãe de minha mãe, Dona Myrian. Quem a conhece, não a esquece.

Dona Myrian Fontal tem 72 anos hoje, e é a matriarca numa família muito feminina. Tem duas filhas e um filho, e para completar uma geração de mulheres - das mais loucas - tem sete netas. Aos 72 anos, tem uma vida ativa. Canta num coral, no qual é a regente e maestrina, tem orkut, facebook, msn e todas as formas modernas de comunicação. Dirige, cozinha, organiza festas de terceira idade, e paga as contas em fila de idosos apenas para tirar alguma vantagem sob o fato de estar acima dos 60. Assume a idade com gosto, e quando me conta sobre suas festas temáticas, nas quais até de melindrosa ela já se vestiu, me diz sorrindo: "e pode me chamar de velha festeira!".

Dona Myrian é uma mulher forte. Se divorciou numa época em que não era comum e foi julgada, mas criou os filhos sem marido e ainda hoje cria netas sem avô. Curiosamente, eu nunca senti falta de um. Com tanta personalidade em uma família tão feminina, não me fez falta ter um homem dando palpite, meu pai já o fazia por todas as outras figuras masculinas que poderiam me faltar.

Dona Myrian já passou três meses em acampamento nas montanhas com temperatura abaixo de zero, já morou três meses na California estudando música, já foi à Disney com as amigas e já viajou o Brasil com o seu coral. Ela me fez forte, porque dela veio uma mãe igualmente forte. Quando tudo parece desabar, a calma delas tantas vezes me acalmou (outras tantas também me inquietou, porque nem sempre consigo lidar com tanta calma!). O fato é que, das pessoas com mais garra e força que conheço, tirei a garra e força que tenho, às vezes até chata de tão insistente. E cresci teimosa, querendo vestir o que queria, querendo comer a sobremesa antes do almoço e encher a barriga de suco mesmo que daqui a pouco já fosse a hora do jantar. Acho que meus pais tiveram que aprender Psicologia reversa comigo, porque ouvir um: "não faça isso" era sinônimo de "vou fazer!", e por aí vai. Eu não fui uma criança fácil. Bicuda, geniosa, teimosa. Bicho do mato, andava de calcinha pela casa, me pendurava em árvores e construía casas de árvores. Quando queria uma coisa, espalhava bilhetes pela casa toda, com a mesma frase irritante, no estilo: "eu quero a minha Caloy", e quem é dos anos 80, vai me entender. Tenho certeza que meu maior castigo será ter uma filha igual a mim mesma, mas daqui pra lá eu me formo em Psicologia e espero criar estratégias mais modernas de atuação, porque palmadas e castigos não me faltaram, e quando lembro deles, não consigo não rir.

Hoje eu fiz um quiz questionário do Facebook. Uma dessas bobagens que se faz por passatempo quando não se tem o que fazer. Pergunta: "Qual mulher de Henrique VIII você seria?". Resposta: Ana Bolena. Por essa eu não esperava, mas desde que assisti ao filme "The Boleyn Girl" ("A outra", em português), e por ter morado cinco meses em Londres, andei me interessando pela história da Inglaterra, e tudo que a inclui. Mulheres marcaram a história inglesa com muita proeza, devo comentar!


No wikipédia: "Isabel I, também conhecida como Elizabeth I, foi Rainha da Inglaterra e da Irlanda desde 1558 até à sua morte. Também ficou conhecida pelos nomes de A Rainha Virgem, Gloriana e Boa Rainha Bess.

Seu reinado é conhecido por Período Elisabeteano (ou Isabelino) ou ainda Era Dourada. Foi um período de ascensão, marcado pelos primeiros passos na fundação daquilo que seria o Império Britânico, e pela produção artística crescente, principalmente na dramaturgia, que rendeu nomes como William Shakespeare. Isabel era uma monarca temperamental e muito decidida. Esta última característica vista com impaciência por seus conselheiros, frequentemente a manteve longe de desavenças políticas. Assim como seu pai, Henrique VIII, Isabel gostava de escrever, tanto prosa quanto poesia.

Isabel era a única filha viva do rei Henrique VIII com sua segunda esposa, Ana Bolena, marquesa de Pembroke, com quem casou secretamente. Henrique preferiria um filho homem para assegurar a sucessão da Casa de Tudor, mas no momento de seu nascimento, Isabel era a presumida herdeira ao trono da Inglaterra. Depois da rainha Ana não ter gerado um herdeiro masculino, Henrique mandou que fosse executada, sob a falsa acusação de traição (a prática de adultério contra o rei era considerada traição), de incesto com seu irmão mais velho e de bruxaria. Isabel tinha então três anos de idade e foi declarada ilegítima, perdendo o título de princesa. Depois disso foi nomeada, simplesmente, como lady Isabel e viveu no exílio, enquanto seu pai casava e se divorciava de várias outras mulheres.

Há uma curiosidade que permite avaliar a personalidade forte e marcante de Ana Bolena e segundo fontes históricas aconteceu por ocasião de sua execução. Alguns, inclusive, dizem ter sido um último recurso da rainha para retardar a consumação da execução, ainda esperançosa de um perdão real por parte de Henrique VIII, perdão este que estaria sendo defendido pela sua irmã, Maria. Quando informada da sua iminente execução, Ana Bolena fez chegar a Henrique VIII uma exigência - não aceitaria ser morta por um carrasco inglês, que utilizava o machado para a decapitação. Exigia a "importação" de um carrasco francês, pois estes usavam a espada. Para justificar a sua exigência, teria dito "uma Rainha da Inglaterra não curva a cabeça para ninguém e em nenhuma situação", pois as execuções com a espada eram feitas com a vítima ajoelhada, mas com a cabeça erguida.


Ana obteve o que requisitava, mostrando que até nos seus últimos momentos, ainda era capaz de impressionar o rei. Ela foi decapitada por um carrasco francês, tal como pedira.
Ana Bolena tem inspirado ou sido mencionada em numerosas obras artísticas e culturais, desde meios de comunicação, obras de arte, representações na cultura popular, cinema e ficção.
Além disso, há uma lenda popular, de que seu espírito ronda pela Torre de Londres."

Não foi à tóa minha identificação imediata com Londres. Gosto de lugares com personalidade, de pessoas excêntricas, originais, e de toda a história que os envolvem. Não foi a tóa que nasci neta de Dona Myrian, filha de Yanis, irmã de Luciana, que quer ir cuidar de leão em trabalho voluntário na África, ainda que eu tenha dito que ela pode ser sequestrada pelo Al Qaeda. E irmã de Fabiana, que de tantas teimosias, não consigo nem selecionar a mais marcante para citar aqui agora. E eu comeria frutos do mar e morreria feliz também, ainda que fosse decapitada pela alergia. Essa menina não tem jeito, como diria minha mãe! Eu diria que nenhuma de nós temos.

Ui!


Diante de frio em excesso, confesso, nem parda eu sou, fico sem cor. Por dentro, parece que nada faz sentido, o frio deprime, me deixa blasê. Devo ser movida a energia solar porque não há tempo que passe e me acostume, não há graça em sopa quente pra aliviar, não há filme debaixo de coberta que preencha tantos dias e não há nada pior do que saber que, lá pelas minhas bandas, o sol fatura a estação da perdição e as pessoas andam pelas ruas em trajes mínimos e cabelo em coque alto, sentindo a brisa aliviar o calor na nuca. Por aqui, até um radiador tivemos que providenciar. Ontem saí de casa para ir apenas no mercadinho da esquina, e tive que vestir 10% do meu guarda roupa, senão congelava no caminho. E ainda assim, quando estava no meio da rua, lembrei que a última vez que senti tanto frio, foi quando inventei de descer uma montanha de neve numa bóia de pneu de caminhão, no Canadá. Mas voltando à magnífica invenção que é o radiador, é bem eficiente esse tal sol portátil! Mas, essa fogueirinha móvel é tão eficaz quanto artificial, e te faz ficar encucada pensando que se você o esquecer ligado ao dormir, ele pode botar fogo na casa toda. Não tem como pegar no sono em tranquilidade desse jeito. E por falar em casa toda, eu já tinha visto nos Estados Unidos alerta de furacão na televisão. Fica piscando na tela um alarme vermelho, e quem tiver seu porão que se esconda, quem tiver porcelana nos armários de vidro, que os feche, ou tudo vai por água abaixo no primeiro tremelique mais forte que o vento trouxer. Pois bem, o que eu nunca tinha visto era prédio tremer na calada da madrugada, assim, sem aviso e sem maiores furdunços. Ontem a noite, melhor dizendo, ontem pela madrugada...estava eu chorosa bebendo o meu vinho e afogando as minhas frustraçoes nele, quando de repente ouço um barulho de algo caindo pela tubulação, e logo em seguida o prédio balançou como numa gangorra, daquelas que a gente grita pro pai quando é criança: "mais altooo!". Não levou mais que dois minutos, mas me deu tempo de lembrar das Torrer Gêmeas, e me deu tempo de pensar em acordar Carol e descer as escadas correndo. Eu nem precisei acordá-la, ela mesma despertou com cara de: "que passa, chica?", e eu respondi: "o prédio tremeu! você também sentiu?". Ela olha pra mim, olha pro meu vinho, e diz: "Rapaz...eu acho que você anda bebendo muito!". Hoje pela manhã quando acordo, tem um recado dela no meu orkut: "Tici, você não estava bêbada! Ontem realmente teve terremoto no litoral de Portugal, e deu pra sentir aqui em Madrid...hehehe... Melhor dizendo, deu pra sentir lá em casa... acho que foi por isso que eu acordei assustada!! Neve e terremoto na mesma semana! Ainda bem que, em dois dias, eu me pico! E olhe que é apenas a primeira semana de inverno...Beijos".

Bem, diante dessa, eu devo dizer: ainda bem que, em três dias, quem se pica sou eu!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Dime por qué?

Até nao sobrar nenhuma gota de mim, eu vou chorar e sentir até que se acabe, toda essa vontade sempre inacabada, como tudo que vem de mim. Começo coisas e nao termino. Já está na hora disso mudar.

A paz do silêncio, a busca no barulho. A eterna busca em qualquer silêncio...


"...Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não pára, a vida não pára não..."




**


Tudo que for seu,
inteiramente e reservadamente seu,
chegará a você.
Só tenha a paz
e a serenidade,
de quem precisa ter
um pouco mais,
somente um pouco mais,
de paciência.

Café?


"Y por mi parte sobra darte lo que me das
Dámelo, damelo bien
Un poco aquí, un poco a quién
Cuando tu boca me toca
Me pone y me provoca
Me muerde y me destroza
Toda siempre es poca
Y muévete bien, que nadie como tu me sabe hacer café
Morena agarra, ay me mata
Me mata y me remata
Y vamos para el infierno
Aún que no sea eterno, suavemente
Que nadie como tu me sabe hacer café"
(Morena Mia - Julieta Venegas)






Últimos dias de España, e espero que minhas rugas de expressão se amenizem com o gelo temporal que agora nos consome. És que tengo ganas de sumir deste início de inverno nevado e já não sei se é normal querer dormir mais que o normal. Servem café com gotas de paciência ao invés do açúcar? Servem, nessa época do ano, em algum lugar que não seja verde e amarelo, uma dose de céu azul e de energia anti ócio e monotonia? Sim, vamos ao infierno, aún que no sea eterno...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Antigo e ainda atual?


Ser humano. Ser sentimento. Sentir. E como é difícil sentir-se humano. Ser história, fazer história, lidar com a própria história. Coração: Onde tudo se confunde, onde tudo se define, se embaralha, se mistura. De onde surgem as vontades. De onde surgem os amores. Amor: palavrinha mágica que faz brotar a vida, que faz o sol ser quente, o dia ser bonito, a chuva ser agradável, e as estrelas serem mais do que pontinhos brilhantes no céu. Sentimento bom que pode doer, sentimento nobre que pode ser egoísta, sentimento puro que pode ser confuso. Abstrato. E tudo que vem da alma é complexo além de abstrato. O abstrato visto como belo, visto em formatos que instigam e em cores que hipnotizam. Uma só alma em um só corpo. Uma só alma que mal cabe em si, uma só essência, que nasce com a gente, que cresce com a gente, e que é repassada pela gente. Um pouco do que a natureza nos deu, misturado com um tanto do que herdamos de uma união que nem escolhemos, mas que assumimos com destreza. Um misto de vivência com a cara da vida da gente, com o que viveram antes da gente. Uma única chance de viver o tudo, uma única vida para tantos “todos”, tantos planos, ânsias, desejos e vontades. Se fosse possível, quantos não se multiplicariam para viver todas as suas opções sem ter que escolher apenas uma? Escolhas nos remetem a caminhos que talvez nunca se cruzem. Escolhas cobram tudo que queremos ser, viver e fazer. Escolhas se tornam marcos nas nossas vidas porque são capazes de mudar qualquer rumo já pré-determinado. Escolhas nos levam a algum ganho, e a alguma perda, afinal, não se pode ter tudo. Cabeça: onde tudo borbulha, ferve, esquenta, faz, se desfaz, se recria, se organiza, muitas vezes se desorganizando. Da bagunça vem a ordem, da queda vem o salto, do medo vem o impulso. O medo traz o escuro, mas os olhos ainda enxergam. Os olhos se adaptam a ele, são mais fortes que qualquer escuridão. Os pés deslizam como que à procura do que não se conhece, e vão de mansinho tornando os passos mais largos até estarem correndo, voando. É a busca incessante pela felicidade, sobre a qual muito se fala, e pouco se aproveita quando esta aparece. “Quem não sabe o que procura, não reconhece quando encontra”. E o que é felicidade? São momentos. Podem durar 5 minutos, 5 horas, 5 dias, mas não uma vida toda. E é mesmo bom que seja assim, para que o doce seja doce e o amargo seja amargo. Se você não conhecesse um, não saberia que o outro é tão especial. Qualquer ato aponta um traço de personalidade, até mesmo a ausência deles. Há tanta intensidade em alguns, e tão pouca em outros, que as pessoas tornam-se diferentes. Há tanto de expressão em mim, que quando mais quero, quase não me expresso. Ainda sou menos do que busco ser e me cobro muito por isso. Ainda sou menos do que preciso ser, conforme meus padrões perfeccionistas e modelos que nem devo seguir, e me frustro com isso. Idéias. Idéias que são fonte de ânimo, da empolgação que não murcha. Sou um paradoxo, incompleto, porque também sou coerência. Nem sempre me contradizendo, mas sempre me refazendo. Me registro em textos impessoais e me aposso de letras e estrofes com as quais me identifico. Me denuncio em mim mesma e às vezes me odeio por isso. Sou sentimentos que me ultrapassam e vivo aprendendo a administrar isso. Sou o sim e sou o não, sou a luz e a escuridão, sou fogo e sou carvão, sou terra, sou um turbilhão.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Stuck in a moment...







"If you want to go quickly, go alone
but if you want to go far, then go together!"


**

Se tem algo que eu sinto, e que deve ser de sentimento comum entre toda e qualquer pessoa, é a dor do que foi bom de ter vivido e que nunca mais será, outra vez, a mesma coisa. Tem época que marca, tem momento que a gente revive tantas e tantas vezes na nossa nostalgia íntima, que não cansamos de revirar a caixinha de lembranças. A gente re-ouve as músicas, revê as fotos, dá risada novamente das mesmas piadas e chora as mesmas lágrimas, um pouco mais tarde, pelos mesmos motivos. Nostalgia. Segundo o dicionário: "Melâncolia, tristeza causada pela saudade de sua terra. Saudade do passado, de um lugar, etc". No meu caso, a terra não é a minha, o passado ainda parece que foi ontem, e o lugar está há poucos dias de distância de mim. Mas voltar pra Londres não é apenas matar a saudade das meninas, das ruas e cheiros, dos gostos e dos lugares. Voltar pra Londres é, mais uma vez, sentir que tudo que é verdadeiramente nosso, sempre estará lá, ainda que o Lulu Santos insista em cantar que "nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia, tudo passa, tudo sempre passará!". O mesmo lugar, outra época, outras pessoas, e muitas histórias vivas ainda dentro da gente, daquela nossa época de ouro...que jamais será do jeito que já foi um dia. Ainda que tudo passe, que tudo sempre passe...eu nunca vou deixar de lembrar o quanto nos ajudamos a crescer, o quanto crescemos juntos, o quanto fomos cúmplices e companheiros...na pobreza e na riqueza, na saúde e na doença, no dia a dia mais inesperado e no cotidiano mais compartilhado.

***

Jú:
A culpa é do vídeo que você me mandou hoje. Me fez ver aquele nosso preferido pela milésima vez, e me fez querer nós todos juntos, pela milionésima vez.

http://www.youtube.com/watch?v=rXwZDHBwGN4

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Para vocês!


"Não diga nada sobre meus defeitos
Hoje eu quero apenas
Uma pausa de mil compassos
Para ver as meninas
E nada mais nos braços

Só este amor assim descontraído
Quem sabe de tudo não fale
Quem não sabe nada se cale
Se for preciso eu repito
Porque hoje eu vou fazer
Ao meu jeito eu vou fazer
Um samba sobre o infinito..."

(Marisa Monte - Para as meninas)




Na vida da gente não falta saudade, então a gente vai se acompanhando assim de longe, mal podendo esperar pela próxima risada em conjunto. Nesse dia, vai ser tudo muito nosso. Se ansiedade tivesse sobrenome seria o meu próprio nome que a acompanharia.

Self Protection



Fiz uma pintura na mão com uma marroquina chamada Jamilla. A moça me enganou direitinho. Se mostrou a mais simpática das criaturas, disse que eu poderia pagar o quanto quisesse, já que era a sua primeira cliente do dia, e no final me levou dez euros, quando eu queria pagar apenas cinco. Perguntou quanto eu queria que durasse, eu disse que um dia seria suficiente. Na verdade era só pra me sentir inserida na cultura deles, sabe? Queria provar a comida, vestir véu e pintar as mãos. O fato é que já tem uma semana e essa pintura não desgruda da minha pele. Ou pior, está sumindo aos poucos, e agora até me parece um vitiligo salafrário. A coisa não tá bonita, mas entre tantos talismãs, um a mais, um a menos, que diferença vai me fazer, nao é? E por falar em talismãs, no meio da pechincha na medina, faturei diversas "Mãos de Fátima". Já conhecia seu "poder" protetor, mas voltando pra casa, fiz questão de pesquisar no wikipedia a sua mais completa tradução. Encontrei o seguinte:

"A Hamsá - ou Mão de Fátima - é um talismã usado por alguns muçulmanos que acreditam que ele pode afastar o mau-olhado. Também é usado como talismã no judaísmo, por vezes adornado com estrelas de Davi. Segundo a tradição judaica, esta é a mão de Miriam, irmã de Moisés e Arão, profetas que conduziram o povo judeu do Egipto à Terra Prometida. Fatima bint Muhammad ou Fatima Zahra (forma aportuguesada: Fátima) foi uma das filhas de Maomé (Muhammad), profeta do Islão, e da sua primeira esposa Cadija. Faleceu em 632 em Medina. Quando Maomé adoeceu, Fátima ficou triste devido à ligação profunda que tinha com o pai. Segundo uma tradição (hadith) transmitida por Aicha, numa ocasião Fátima chorava por ver o pai doente, mas este consolou-a e Fátima sorriu. Após a morte de Maomé, Aicha perguntou a Fátima o que é que o pai lhe tinha dito naquela ocasião; segundo Fátima, Maomé disse-lhe que o anjo Gabriel fazia-lhe visitas mais regulares para lhe revelar o Alcorão e como tal Maomé pressentiu que a sua morte estava próxima. Maomé contou-lhe também que ela seria a primeira pessoa da família a juntar-se ao pai, a primeira a entrar no Paraíso."

Portanto, agora eu não só carrego no pescoço o meu nome e um símbolo do infinito. Não apenas uso um anel que meu pai me deu, não só carrego na bolsa um tercinho que minha mãe me mandou guardar lá, como também tenho uma mãozinha de Fátima entre todos os outros talismãs contra a maldade alheia. Afinal, para gente assim meio torta como eu, proteção nunca é demais! Eu bem quero garantir minha entrada no paraíso, mas esse é um projeto que, definitivamente, pode esperar! :D

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Mar sem fim



“Tanto mar, invés de nos separar, nos uniu. Em 141 dias de ausência, do início ao fim, o Paratii fez a sua volta e retornou a Jurumirim. A Terra é mesmo redonda. Ao longo do caminho, pensando bem, nem vento, nem ondas, nem gelo tão ruins, porque no fim, nada impediu meu veleiro de voltar inteiro à sua baía. E nada foi melhor do que voltar para descobrir, abraçando as três, que o mar da nossa casa não tem mesmo fim.

Pior do que passar frio, subindo e descendo ondas ao sul do oceano Índico, seria não ter chegado até aqui. Ou nunca ter deixado as águas quentes e confortáveis de de Parati. Mesmo que fosse apenas para descobrir o quanto elas eram quentes e confortáveis. Eu senti um estranho bem estar ao contornar gelos tão longe de casa.

Hoje entendo bem o meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é, que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”.


Amyr Klink - Mar sem fim

**

Tenho uma amiga que vive se queixando. Aonde quer que esteja, as coisas para ela nunca estão em completa perfeição, sempre há algum defeito, algo que poderia ser diferente, que poderia ser melhor. Não gosto de gente insatisfeita, que vive se queixando da vida, e se tem um defeito nela do qual eu sempre me queixo, é esse. E embora tenha um carinho de irmã por ela, e a tenha no meu coração como uma das minhas melhores amigas, esse defeito nela me enlouquece. No meio da pobreza da África, talvez ela não visse maiores motivos para estarmos ali. E eu, querendo fazer algo para mostrar a ela o quanto ganhamos com cada pista em que aterrisamos, comentei sobre esse textinho aí de cima, que parece ser unanimidade em sucesso, super adotado por viajantes e pessoas que vivem na ambição de viajar.

Eu já havia assistindo esse documentário de Amyr Klink alguns dias antes de ir embora do Brasil. Quando tinha lá pros meus quinze anos, ganhei de minha mãe um livro de Amyr Klink chamado "Cem dias entre Céu e Mar". Logo depois ela apareceu com outro dele chamado "Paratii: entre Dois Pólos". Minha mãe nunca foi contida nas suas compras ou em qualquer coisa que inventasse fazer. Se tinha que comprar UM tapete, ela conseguia comprar DEZ de uma só vez. Se tinha que fazer um jantar, fazia um banquete com mesa decorada e bom gosto nos mínimos detalhes. Em termos de livros, sempre tivemos enciclopédias e mais enciclopédias, herdadas de nossas avós. E por ter crescido em meio a livros, sempre serei grata a ela por isso, e com certeza, farei o mesmo com os meus filhos. Um livro é uma viagem sem sair do lugar, mas por ser inquieta de natureza, eu quis viagens de verdade, saindo pelo mundo afora.

Quase dez anos depois, Amyr Klink lançou "Mar sem Fim". Desde o pouco que eu conhecia das suas obras (não conseguia ler os seus livros por completo, já que haviam termos de navegação muito técnicos, de gente que entende, e que escapavam dos meus conhecimentos, e mais ainda, da minha curiosidade), admirava a sua coragem e espírito aventureiro, e foi isso mesmo que extraí do pouco que absorvi. Mas, assistindo ao documentário, teve algo nele que me impressionou, um lado solitário que não se incomodava em ser assim. Um homem que parecia um tanto individualista, capaz de passar dias afastado da mulher e filhas, sem ninguém para dividir as tempestades no veleiro, sem ninguém para falar sobre as tormentas ou para comemorar as chegadas. Uma certa frieza, que até combinava com os lugares por onde ele se enfiava com o seu veleiro. Cada viajante tem lá as suas características pessoais, não que eu esteja julgando as dele. Mas eu, Ticiana, não me sinto realizada nas minhas viagens se não tenho com quem compartilhá-las. Se não tenho como dividir as surpresas do caminho, se não tenho como acrescentar àqueles que me acompanham.

E agora que tenho nove meses fora de casa, e agora que já é quase hora de voltar...nove meses, o tempo de um filho crescer dentro da gente, o tempo de crescer um novo alguém dentro da gente...e não deixou de ser assim. Eu só tenho a sensação que esse mar todo entre a gente não tem mesmo fim. Que nenhum destino é definitivo, que nada é definitivo, a não ser o amor incondicional que trazemos no peito. Esse mesmo amor que nos leva de volta para onde saímos.

Então hoje eu agradeço aos céus. Aos astros, aos anjos, aos deuses e todos os Santos. Por ter nascido abençoada no dia seguinte ao dia de Todos os Santos, por ter nascido na Baía de Todos os Santos, por ter Deuses e semideuses (mães são semideuses, amigos são anjos!) e anjos e estrelas, que me guiam e me protegem.

Abençoada seja a circunferência da Terra e seus infinitos mistérios, que me transformam cada dia numa pessoa melhor. Mais íntegra, mais digna, mais espiritualizada. Bendita seja essa minha vida bandida de coração vagabundo em trilha cigana. Palavras são apenas palavras quando tento fazer entenderem o quanto essa viagem tem feito bem a mim. E quem diria, eu, íntima das palavras, fico sem saber como ordená-las para me fazer entender o quanto de intensidade ainda caberia no que quero dizer, ainda que eu diga da minha melhor forma. Vou então finalizar por aqui...e já que comecei com Amyr Klink, é com ele mesmo que termino o meu texto:

"Pior que não terminar uma viagem é nunca partir."


Cliquem lá em cima para abrir o vídeo. Vale a pena.

Volto com notícias de Santiago de Compostela e Lugo; próximas paradas! ;)

domingo, 6 de dezembro de 2009

No risk, no glory!


"Ser capitã desse mundo
Poder rodar sem fronteiras
Viver um ano em segundos
Não achar sonhos besteira."



**

Inquietação pouca é bobagem. Boa mesmo é essa que te sacode e te faz mover o mundo pelo que te move. Sim, às vezes também me canso do mundo. Fecho as janelas, fecho as cortinas, me enfio em lençóis e não quero ver e nem ser vista. Não quero subir degraus, atender ligações, cozinhar. Não quero papo, quero meu espaço. Fico invisível e curto todo meu canto, até voltar a me sentir apertada, até que o escuro me incomode, que a claridade me intrigue, que o mundo me cutuque...e preciso de pouco para voltar a sair por aí desprevenida, desinibida. Enquanto percorria as areia do Deserto do Saara em cima de um camelo vi o sol mudar de cor três vezes. De amarelo pro laranja, do laranja pro vermelho, e do vermelho pro preto da noite. Vi a lua surgir entre as palmeiras do oásis, a vi cada vez mais redonda entre as dunas, e me vi cada vez mais longe nos meus pensamentos. Notei o meu espírito aventureiro sorrindo por dentro, achando tão engraçado eu já ter montado em prancha no Havaí e agora em camelo no deserto. E me lembrei de já ter pensado que, alguns atos de coragem que eu já tomei antes, não poderiam ser superados hoje. Porque já não sabia de onde tinha tirado tamanha coragem, e achava que, com os anos, eu tinha me tornado menos destemida. A verdade é que o medo sempre vai estar lá, mas seja por arte dos céus ou pelos astros que me circulam, eu sou muito protegida em tudo que vivo e faço. E não me canso de abusar da sorte, ela então faz graça e também abusa de mim. Ficamos assim nessa corda bamba dividindo espaço. Aí pode parecer que eu ainda não cresci, por ir assim inconsequente, sem calcular muito os riscos. Mas não se trata de tamanho de gente e sim de tamanho de sonhos. Não se trata de idade acumulada, se trata de experiências colecionadas. Cheguei de viagem louca por quietude. Mas foi tocar Aerosmith que lembrei da minha adolescência, quando Alicia Silverstone era o maior sucesso nos clips deles, com aquele ar de menina-adulta-dona-de-si. Aí o Steven Tyler cantava "girl, you´ve got to change your crazy ways!" e eu fazia coro junto com ele, me identificando com cada letra da frase. Mas no fundo, eu nunca quis mudar. Eu sempre me achei menina adulta dona de mim, e hoje quando olho pra trás acho graça daquela pose de independente, dona de si e do mundo, decidida a sair por aí. No passeio do deserto, conheci gente do Canadá, da Inglaterra, da Espanha, da California, gente da Suécia morando em Amsterdam. Me toquei que já tinha estado em todos esses países, e até morado em alguns deles, e fiquei feliz. Me livrar da prudência egoísta que nada arrisca é me livrar da ignorância dos que não se arriscaram a ir lá ver. Não que eu seja assim tão desbravadora sem momentos de medo ensurdecedor. Quando cheguei no Marrocos, foram tantos perrengues que eu pensei: "viu? Be carefull with what you wish for! Agora aguenta aí!", e aguentei. Não importa em quantas partes do caminho você possa vir a temer, o que importa são as partes em que você vai continuar a seguir. Porque juntando tudo depois, histórias não vão faltar. E que graça teria se não fosse assim? Pode me dizer que eu sou maluca, que não tenho juízo e que não sei me cuidar. Com tanta sorte, e um pouco de jogo de cintura, o que poderia me faltar?

Foto: Farol da Barra. Porque a saudade está tomando conta desse meu lugar.

domingo, 29 de novembro de 2009

Take me to the sun!



"...e quando virei o rosto, vi meu sorriso nos lábios dele..."
(Grande Sertão: Veredas - Guimarães Rosa)


*

Com um pouco de sorte e muito de acaso, tropecei em momentos que deviam ter vindo dentro de caixa de surpresa, com laçarote vermelho em volta e caixinha de música entre o papel de seda e celofane colorido. Caixinha de música, daquelas que a bailarina dança em cima quando se dá corda, sabe? Foram nesses momentos que ganhei os sorrisos mais marcantes, daqueles que a gente se vê pequena no olho do outro. Esses são de um brilho tão perfeito que dá vontade de nunca mais sair de dentro do dono do olhar. Quando a gente se vê na pupila do outro assim tão brilhante, a vontade que dá é de nunca mais passear longe daquele olhar. Mas bailarinas quando ficam presas na caixinha de música dançam tristes em apenas uma direção. Quando soltas entendem, que ficar presa num olhar não seria prisão, mas sim, eterna paixão. Bailarina se pinta, se enfeita, saltita, querendo chamar atenção. Sai andando por aí perdida, piadista da própria desilusão. As dores que te doem vão além de meras paixões. Bota no colo sua gente, suas ambições. Bailarina rodopia, adora mil direções. Às vezes, se enjoa. Se cansa. Se perde. Chora. E é nessas horas que te aparecem pupilas brilhantes, aonde ela se vê pequena e sorridente, em olhares que te fazem novamente dançar pelos verões.

sábado, 28 de novembro de 2009

Faz tempo...


Foto: Marrocos

"Questions of science,
science and progress
Don't speak as loud as my heart."


**


A espera ficou parada me olhando, e me perguntando se eu ainda ia. De repente ela deixou de fazer sentido. Como todas as outras coisas ditas e ouvidas, e guardadas. Sairam correndo enfileiradas, de mãos dadas, quando eu abri a porta e libertei. Era so isso que faltava, que fosse solto, liberado. E assim sairam correndo, como se antes enjauladas. Deixei de acreditar, deixei de esperar. Tinha tempo que não sentia, e não gostou de sentir. O estômago ficou vazio, o coração ficou vazio, a boca se emudeceu, as palavras se declararam desnecessárias. Pediram tempo pra respirar, dessa vez não queriam muito espetáculo. Estava quentinha, com mãos frias, pés frios, como aqueles que se aqueciam em você. Não sentiram sua falta mais. Sentiram sua ida, e te deram aquele adeus, que já estava acostumada a dar. Tantos pactos, planos e sonhos em vão, tanta coisa desabando e eu sem chão. Pelo menos, só por essa noite.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Promessa é dívida!


"Não há nada mais poderoso do que uma idéia cujo momento chegou."
(Víctor Hugo)

*

Amarrei uma fitinha do Bonfim branca no braço, e entre os três pedidos, deixei de fazer um. Fica como crédito para a beirada do próximo abismo, para o salto do próximo obstáculo, a tacada de mestre no próximo jogo, o próximo pulo do gato, as próprias próximas sete vidas. Tô querendo tanto um bem maior que quase faço macumba, um ebô. Patuá e rabo de coelho, nome no mel, sei lá mais o quê. Não é nada assim que pertença a alguém, nem mesmo envolve gente, é só algo meu. Não há plano de costurar nome de algum miserável em boca de sapo, nem de congelar papel com nome de chato. Não tenho maldade, e se a mim tentar derrubar, tenho corpo fechado, e um anjo da guarda de arrasar! Mas já fiz promessa, dívida, plano e sonho. Já acendi vela e já preparei a casa, a rua, e a avenida. Não é possível que não vá se realizar! Minha conta com o céu anda alta, mas não há nada que um coração dos bons não possa pagar.

=)

I´m a bird, you know that i am...


"well I just wanna laugh my way through life
and no worry about whether they think what I'm doing is wrong or right
cause ive got so much to learn
and you know this fires just dying to burn...

I think its time to leave....
can I have the guest check please?
I'm saying good-bye, to all the comfortable things
I'm going out living my life, gonna see what a little livin' will bring
cause I've seen things from a different view
and I realize all the things I already knew"


*

Haveria um tempo em que seus finos saltos nem mesmo marcariam o chão. Passaria como pluma, sobrevoando o que estivesse gasto e vislumbrando em frente, um limpo e novo asfalto. Porque eu não me canso de decepcionar clichês, e de manter esses sonhos altos.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Seja coragem ou petulância, eu pulo!





"Antes de saltarmos de pára-quedas, minha filha e eu, olhando embaixo a terra redonda ali da porta do avião, paralisadas, ouvimos de um instrutor: "Corajoso não é o que não tem medo, corajoso é quem tem medo e pula. O outro é um irresponsável."

E nós pulamos.

Neste mundo não há saída: há os que assistem, entediados, ao tempo passar da janela, e há os afoitos, que agarram a vida pelos colarinhos. Carimbada de hematomas, reconheço, sou do segundo time."

(Maitê Proença - Uma vida inventada)


*


Pouco a pouco me vejo alcançando a tudo que sempre sonhei. Não existe satisfação maior, posso garantir hoje. E se meu futuro for metade do que tem sido meu presente, ainda serei a pessoa mais feliz desse mundo todo. E é bem esse mundo todo que me enche de vida, e dessa sede incrível de querer mais e mais dele. Não existe troféu maior de conquista do que a vivência, não existe sensação melhor no meu momento, como quando planejo a próxima viagem, compro a próxima passagem, e me jogo na próxima aventura. Quem já me julgou inconsequente jamais imaginou que eu fosse conseguir, em cima das minhas inconsequências, construir um caminho coerente. Mas a filosofia é antiga meu caro, e ela mesma prega por aí as complexidades da gente, diz que "o universo é a harmonia de contrários", e diz também que "o problema de resistir a uma tentação é que você pode não ter uma segunda chance". Então eu não resisto às minhas. Pior (ou melhor!), eu as agarro e não solto até que tenha certeza que não vão embora antes que eu as realize. E se vier a calhar, pago o preço, custe o que custar, nem que eu precise fingir, com um ar petulante, não me importar em pagar. Então, seguindo o ritmo tentador dos descobrimentos, próxima parada: Marrocos. Mal posso esperar!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O que você vê, quem você é!


Houve uma conexão instantânea com a banda. A voz rouca do vocalista cantando obsenidades na minha mente criativa, a batida fria combinando com o lugar, minha nova casa, que também foi quase identificação imediata. "In the dark of the night i can hear you calling my name". Ouvi por muito tempo meu nome ecoando nas ruas. Evitei olhar. Senti arrepios, calafrios, me envolvi na cidade. "Lay where you're laying, don't make a sound...I know they're watching, they're watching...". Não queria ser assistida, deliciava-se com o anonimato, o rosto desconhecido em meio a tantos povos misturados. Gostou de se misturar, mas em meio ao todo, quis ser mais do que a soma das partes. Descobriu a capa do CD. Gestalt. Fez sentido, como tudo sempre faz algum tempo depois. Já tinha aprendido: "O todo é mais do que a soma das partes que o constituem." Sabia ser mais do que...mais do que a soma, mais do que o todo, mais do que o tudo."If it's not forever, if it's just tonight...Oh it's still the greatest, the greatest...". E a batida continuava em tom de suspense, em todo o tempo, uma batida acelerada, contaminada. Uma cidade que não te deixa parado. "You know that you can use somebody!". Usou. A si mesma. Diariamente. Ferveu em chamas de pensamentos, deitou e rolou na liberdade, fugindo do tempo sequestrado. "Hot as a fever, rattling bones...I can just taste it, taste it..." Provou. Tudo que quis. Tudo que se permitiu. E gostou. "All the time we shared, it was precious to me". E para fazer valer a pose de possessiva, não gosto também quando músicas que me aposso se tornam tão tocadas, tão manjadas. Sinto um ciúmes e um sentimento de posse terrível, não gosto de dividir minhas músicas assim! "Off in the night, while you live it up, I'm off to sleep...Waging wars to shape the poet and the beat...I hope it's gonna make you notice...". Mas duvido que tenham percebido além. E só para ser menos dona de tudo, vou dividir aqui: "A palavra Gestalt tem origem alemã e surgiu de uma tradução da Bíblia, significando "o que é colocado diante dos olhos, exposto aos olhares". Hoje adotada no mundo inteiro significa um processo de dar forma ou configuração. Gestalt significa uma integração de partes em oposição à soma do todo." Agora olha lá a capa do CD e me diz: o que você vê?

Azeitona Verde


- Eu amo azeitona!
- Prefere a preta ou a verde?
- A verde!
- Eu gosto mais da preta...
(...)
- Futebol?
- Não gosta? Pra qual time você torce?
- Pra nenhum. Brasil em Copa do Mundo, e só.
- Risos
(...)
- Lugar lindo, né? Uma paz...você ficaria aqui um mês inteiro?
- Ficaria... (...) e você?
- Não.
(...)


Os passos não andam no mesmo compasso, a risada nem tem tanta graça. E até para quem nunca falta assunto, o silêncio calou a voz. Quietinha. Como pouco se vê. Como algumas vezes até quis ser. E enquanto parecia séria por fora (o que também não te pareceu comum, e portanto, muito menos te pareceu divertido) ficou lá pensando: até que ponto temos que concordar em tudo, até que ponto toleramos a discordância de jeitos e de tudo? Contrários se completam? Opostos se atraem? Ou uma metade da laranja precisa ser igual à outra? Qual é a fórmula para iluminar meu olhar? De onde vem a bobagem dita que conquista meu riso sincero? Que regra tem esse meu coração que escolhe sem saber explicar, e para qual delas eu ainda vou me entregar? Difícil te dizer, mas quanto mais me conheço, menos eu entendo esse meu "músculo involuntário" que não gosta de se explicar! Teimoso, temperamental, e com gostos próprios, típicos, originais, persistentes. Que repara em mãos, olhos e sorrisos. Que repara em costas, ainda que deteste que te dêem as costas. Que seleciona muito o que ouve, acredita muito no que vê. Do pouco que sei, garanto não gostar de silêncios vazios. Silêncios desconfortáveis. Silêncios que dizem mais do que não está sendo dito. Silêncio por silêncio, prefiro o meu próprio. Nele eu deito e me esparramo. Fico à vontade comigo mesma. Isso sim passa paz. Uma vez ouvi dizer que, descobrimos o quanto somos íntimos de alguém quando o silêncio entre as duas pessoas já não incomoda a ponto de ficarem tendo que criar assuntos, para não deixar o silêncio inundar o ambiente de vácuo e o rosto de timidez. Sou tão íntima de mim mesma que não há rubor na face e nem desconforto que tire a paz da minha companhia. Detesto forçar paixão e dispenso gente que não me acrescente, do meu lado. Dispenso companhia que só ganha o título pela presença física, e faço valer aquele ditado antigo e certeiro: "antes só do que mal acompanhado!". Graças a Deus!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Mulher de fases


"Ela é "pró" na arte de pentelhar e aziar
É campeã do mundo
A raiva era tanta que eu nem reparei que a lua diminuia
A doida tá me beijando há horas
Disse que se for sem eu não quer viver mais não
Me diz, Deus, o que é que eu faço agora?
Se me olhando desse jeito ela me tem na mão
"Meu filho, aguenta.
Quem mandou você gostar
Dessa mulher de fases?"


**


Ainda escolho ir pela intuição, ainda torço pelo lado do coração, ainda brigo por satisfação. E se for preciso, mudo de fases quantas vezes sentir vontade, em apenas um dia. Essa sou eu. E se eu pudesse escolher, seria eu mesma mil vezes. Sou eu mesma com muito prazer em ser. Com licença, tenho pressa em viver!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Obrigada!


Saudade quando sufoca insiste em fazer a gente revirar as gavetas, as cartas, fatos e fotos. Minhas malas são carregadas de um passado que não consigo deixar para trás. Pra ser sincera, não me preocupo em revirá-lo do avesso, em fazê-lo deixar de ser. Guardo com apego, com lágrimas de já não poder ter, com um amor indescritível pelo que já não pode mais ser. Eu amo demais vocês que fazem parte de mim. Não tenho como agradecer pelos comentários, críticas e elogios. Tudo que sou, devo também a vocês. Minhas almas companheiras, meus parceiros de vida, meus amores eternos...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Lar Doce Lar!






"Quando o sol se põe
Vem o farol
Iluminar as águas da Bahia
No Farol da Barra, o encontro é pouco
A conversa é curta, tudo é tão rápido como
se furta
Como a luz bate nas águas
Como tudo que se passa
Com tanto cabeludo, com tanto pôr-do-sol
Bem cabia uma profecia: até o ano 2000,
O Farol além do pôr-do-sol
será o pôr-do-som
Onde verás uma realejo, onde verás um violão..."
(Farol da Barra - Novos Baianos)


**

Se saudade tivesse um nome próprio a cada dor de falta que ela dá na gente, hoje saudade se chamaria Porto da Barra, se chamaria sol de Salvador, se chamaria céu da Bahia, se chamaria calor dos amigos de lá, das coisas que só tenho lá. Hoje saudade sairia cega, pegaria um avião com o coração em chamas, correndo pros braços da Baía de Todos os Santos. Admiraria o contorno do litoral quando o avião estivesse chegando, sentiria orgulho da cor do mar e do calor que se sente antes mesmo de pousar. Hoje eu acordaria em casa, sairia por ruas que tomei posse desde que me dou por gente, vestiria quase nada e me sentiria à vontade. Cumprimentaria o porteiro, o moço da vendinha, o vendedor de água de côco. Andaria descalça, prenderia o cabelo reclamando do calor. Gritaria Maria pra fazer suco, beberia suco. De goiaba, de melancia, de cajú, de cajá e de umbu. Com bastante gelo. Estenderia a canga na areia e me deitaria sob o sol. Conversaria bobagens, sorriria sem motivos, faria charme. Hoje eu ficaria na Barra até o pôr-do-sol e participaria da salva de palmas quando ele se fosse. Eu iria sem pressa no açaí de Ondina, passaria no salão com a desculpa de fazer a unha, só para jogar conversa fora com a manicure. Eu a abraçaria apertado, mesmo que tivesse só uma semana sem vê-la. Eu contaria minhas peripércias pra cabeleleira e pro padeiro da esquina, eu combinaria a quintadelas com as meninas e nos arrumaríamos bebendo Tang com Vodka e conversando em códigos. Falaria sem pensar. Sem fazer sala e nem cerimônia. Eu mandaria mensagem gaiata pros amigos, marcaria o carangueijo, a maniçoba e a feijoada. Finalizaria a noite no Caminho de Casa, esperando Renatão trazer mais um baldinho de cerveja. Eu faria amizade com mais um garçom e teria mesa esperando assim que chegasse. Eu faria amizade também em banheiro de festa e em fila de supermercado, e daria risada do gaiato do carro do lado querendo jogar o celular pela minha janela. Eu iria correr na orla repensando em tudo que ainda preciso fazer e analisando tudo que já fiz. Eu iria pra Praia do Forte no final de semana e tomaria roska de mangaba no Souza. Reclamaria do calor, mais uma vez, mas não negaria o bolinho de peixe que, de tão quente, sempre queima a língua. Acordaria tarde e com sede de praia, perguntaria sobre meu futuro a Seu João, o vidente que vende picolé. Hoje eu visitaria minha vó e Tivó. Responderia todas as perguntas curiosas e aceitaria um pouquinho mais de bolo e cuscuz, mesmo que já estivesse de barriga cheia. Hoje eu brigaria com minhas irmãs por não darem banho em Sushi e, no final, eu mesma daria. Hoje eu iria até a porta do quarto delas para saber se já chegaram em casa. Futucaria as coisas delas para saber o que andam aprontando. Hoje eu não dormiria para ficar acordada fofocando com minha mãe. Hoje eu deitaria no colo dela sem tempo pra levantar, ficaria de mãos dadas sentindo a mãozinha dela menor que a minha. Olharia seu olhar protetor e guardaria bem a imagem pra nunca esquecer. Hoje eu iria na Ilha e cataria conchinhas e as mangas recém caídas do pé. Eu pediria por vatapá, por farofa e por moqueca. Hoje eu nadaria até o flutuador e só sairia do mar quando já estivesse enrugada. Hoje eu ficaria numa pocinha apreciando os peixinhos coloridos, e rindo das Marias Pretas enfezadas. Hoje eu inventaria. De aprender a surfar, de fazer mergulho em Noronha, de roubar um banco pra conhecer o Tahiti, de fugir pra Tailândia, de morar na Europa, de mudar de curso, de mudar de cidade, de mudar de vida. E estaria exatamente aonde estou, aonde tanto quis estar...e me daria direito, de tempos em tempos, de sentir essa saudade guardada de lá.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Dela





Se tenho bem maior que esse, eu ainda não sei. Mas se tem bem pelo qual eu agradeça a ela, seria o da escrita. Então aí vai um dela pra mim, o seu curumim!

**


"Curumim
Sabe o que é festa
Canta na selva
Fala pra mim
Curumim
Deita na rede
Dorme gostoso
Brinca com sede
Se banha nas águas
Fala de mim
Curumim
De olhos encantados
Leva seu cocar
Deixa pintar seu corpo
Corre solto
Sabe o que é amar
Pula com os outros. Mas...
Curumim às vezes fica triste
Então alguém chega e insiste
Para Curumim se alegrar
Toda a tribo vem lhe beijar
E Curumim foi crescendo assim
Sempre engraçado...
Basta olhar seus passos
Basta poder lhe abraçar
Curumim é lindo na floresta
De lá saem muitos curumins
Mas sempre se lembram
com saudade
e sabem
o caminho de voltar
pelas matas verdes
pelos rios cheios de peixes
pelas pedras preciosas
que os Xamãs soltam no ar!"

:)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Um dia pra chamar de meu!


"Os dias de nossas vidas transcorrem lentamente,
para nos dar tempo de apreciar e viver plenamente
cada uma das situações que o destino nos oferece."


**

Foi preciso me perder e me reencontrar. Foi preciso perder outros e te achar. Foi preciso perder lar e bens. Foi preciso reconstruir minha moradia, meu coração, meus caquinhos no chão. Foi preciso me prender e me soltar. Me jogar e me libertar. Foi preciso não saber, pra descobrir. Foi preciso não fazer, pra me mexer. Foi preciso trocar a rota, o repertório, o texto, o discurso. Foi preciso mudar o passo, o caminho, o riso. Foi preciso ter novas lágrimas pra chorar, novos motivos pra festejar. Foi preciso me odiar pra me amar, te perder pra te desamar. Foi preciso chuva para que fizesse sol. Foi preciso me despedaçar pra me reconstruir. Foi preciso me criar para forte ficar. E foi preciso acreditar que tudo isso aconteceria exatamente assim.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Ops!


*

Ela que descobriu o mundo
E sabe vê-lo
do ângulo mais bonito
Canta e melhora a vida, descobre sensações diferentes
Sente e vive intensamente
Aprende e continua aprendiz
Ensina muito e reboca os maiores amigos
Faz dança, cozinha, se balança na rede
E adormece em frente à bela vista
Despreocupa-se
e pensa no essencial
Dorme e acorda
Conhece a Índia e o Japão e a dança haitiana
Fala inglês e canta em inglês
Escreve diários, pinta lâmpadas, troca pneus
E lava os cabelos com shampoos diferentes
Faz amor e anda de bicicleta dentro de casa
E corre quando quer
Cozinha tudo, costura, já fez boneco de pano
E brinco para a orelha, bolsa de couro, namora e é amiga
Tem computador e rede, rede para dois
Gosta de eletrodomésticos, toca piano e violão
Procura o amor e quer ser mãe, tem lençóis e tem irmãs
Vai ao teatro, mas prefere cinema
Sabe espantar o tédio
Cortar cabelo e nadar no mar
Tédio não passa nem por perto, é infinita, sensível, linda
Estou com saudades e penso tanto em você
Despreocupa-se
e pensa no essencial
Dorme e acorda
(Gerânio - Marisa Monte)


***


Nunca foi fácil escolher, mas agora, com toda a certeza que eu poderia ter, te digo: eu sei aonde quero estar. Eu sei exatamente o preço que vou pagar, o prazer que vou gozar, as pedras que vou catar. E se tanto te interessa: sim, estou pronta. E honestamente, não compreendo porque se preocupam tanto, sou do tipo que sempre soube se safar. Malabarista de primeira, trapezista das boas, palhaça de nascença, sou um circo inteiro se duvidarem. O que não sou hoje, me torno amanhã. O que não sei, aprendo. O que me desafia, agarro. O que me subestima, nem de perto me abala. E para quê razão quando se tem coração? Para quê motivos quando se tem abrigos? Sem limites e sem máscaras, sem jogo e sem pressupostos, de olhos fechados, de corpo fechado. Passos pesados, alma leve. Protegida. Vigiada. Questionada. Questionadora. Quero saber, quero ver, quero ir, quero ter. Em busca. Um plano. Unhas e dentes encravados nele. Uma vida inteiramente minha, um infinito de caminhos completamente meus, escolhidos unicamente por mim. Cada vez mais independente, independentemente do que vão pensar. E quer saber? Você não sabe, ninguém sabe. Eu sei e te conto uma parte, o que me sai sem dificuldade, mas reafirmo: não é tão fácil. Mas tem sido assim...e eu so te peço vida minha: me leva, e nem espera. Me carrega e nem pergunta. Me faça apenas parar de pensar. Essa história de rumo sempre querendo atrapalhar. Ignora. Se joga. Se faz revidar. Não aceita pré-determínio, pré-sonho, pré-ocupação, pro escambau, eu quero é viver. Com licença, passar bem, adeus, e um beijo. Já volto. Um dia. Talvez. Quem sabe...nunca mais.