segunda-feira, 7 de novembro de 2011

glup


"Me pinto a mi misma porque estoy amenudo sola, y porque soy la persona a la que mejor conozco."
Frida Kahlo

Já não me expresso bem com as palavras. Introverti. Introspectei-as. Já não reconheço todos os verbos, já não danço por entre versos rabiscados com leveza. Mas estou leve, e estou mais pesada. Mais velha, com mais cicatrizes, mais remendos de pele, de peças desencaixadas e reajustadas. Precisei me reler pra me redescobrir. Recordar daquela que passeava por entre as palavras com dons de quem porta o saber. Saber encaixar a parte certa, expressar sensivelmente, tocar o outro. Não toco mais. Tenho medo. Tocar é íntimo, cria vínculo, cria caso. Virei bicho do mato. Desaprendi. Mas guardei a firmeza, guardei a bravura e as certezas, dos anos e das idades, e do passar dos dias e mudanças de céus. Guardei a calma, a ânsia, a nostalgia, de quem já soube muito, de quem quer saber mais, de quem desgarrou da fantasia, de quem precisa de paz. Adoeci da falta, e da falta eu bebi até
embebedar a alma. Não sei mais. E ainda espero saber.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

simple as it should be


Quanta paz existe no nosso amanhecer...
É meu amor, perto de você, eu ando tão clichê!

domingo, 24 de julho de 2011

Do que se vê por aí


Saída do aeroporto, em um dia comum, num meio de semana qualquer. Saem os passageiros, as bagagens, os que vieram buscar, os que vão de taxi, os que vão sozinhos. Sai sozinha, a aeromoça puxando sua mala, numa postura impecável de lady educadinha. Chama um táxi, vai em sua direção, quando é interpelada por um rapaz alto, bonitão, que a pede seu telefone. Ela mostra sua aliança. Ele mostra a dele. Os dois sorriem maliciosamente sem dizer nada. Ela cede, dá o número, ele anota no seu blackberry e vai embora triunfante: tá na mão. Tempos modernos, meu bem, tempos modernos.

sábado, 18 de junho de 2011

Chão de giz


"Espalho coisas
sobre o chão de giz
Há meros devaneios tolos
a me torturar
Fotografias recortadas
em jornais de folhas
amiúde
Eu vou te jogar
num pano de guardar confetes
Espalho balas de canhão
é inútil
pois existe um grão vizir..."

quarta-feira, 15 de junho de 2011

com graça



"Las luces siempre encienden en el alma..."

un vestido y un amor - Fito Paez

Se o mundo fosse feito do super combo (música + fotografias + amores) a vida seria uma grande aventura. Tudo que emociona, tudo que comove, comanda, governa, tempera e garante a graça. É o que me ganha. O que me basta.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Lamour!




"To see a world in a grain of sand and heaven in a wild flower, hold infinity in the palm of your hand, and eternity in an hour."

(Poema no metrô de Londres, ou se você preferir: pegadas, ou pistas, de uma raposa)

*

Saiu da liquidação na Oxford Circus sem nenhuma sacola, embora tivesse subido as escadas do metrô decidida a se afogar num mar de cifras baratas - ao menos assim se distraía daquele conflito fixo chamado retorno. Já tinha acordado mais cedo que de costume, num ímpeto de vida nova já tinha trocado a antiga senha da caixa de e-mails (HappinessHitHer, ThailandDream, missao2010,NaoSeiSeVouOuSeFico - Sabe lá de onde tirava tanta criatividade, mas haviam te dito que a palavra tem força, que fosse utilizada a seu favor sempre que fosse necessária), e já tinha feito uma arrumação completa no quarto. Vivia arrumando e re-arrumando as malas, assim se sentia como se estivesse de fato, se preparando para a partida. E vivia pensando como ia transformar quatro mala em duas, e como ia transformar pensamentos mudos em atitudes gritantes (ou, no mínimo, em choro). Conseguia prever a visão da cidade pela janela do avião, conseguia visualizar as pessoas esperando no desembarque, o caminho de árvores de bambu do aeroporto pra casa, e a vista da varanda do seu apartamento. Fim. A partir daí vinha um branco, uma lacuna, um vazio de imprevisível, de NOVO e de ANTIGO ao mesmo tempo. E isso inquietava. Remédio pra inquietação é presença amistosa, daquelas, as que a faziam mais mansa, as que controlavam seu surto e a tornavam mais serena, as amigas.

- Sabe, eu sei que não tem nada a ver, mas tem dias que ando lembrando de uma frase que já li num texto de Martha: "o amor, essa raposa".

Ahh, o amor...misterioso amor! Autor das mais excêntricas façanhas, movedor de montanhas, dono de corações em êxtase, em estado de graça, dono de mágica, de jardins floridos, esculturas lapidadas, noites estreladas.

- Ok, menos.

Mas ele perseguia. Na vitrine de sua loja favorita: uma camiseta rosa pink com letras brilhosas piscavam praticamente como um letreiro: "I´m always in love!". Deve ser muito corajoso aquele que vive de coração entregue, rendido ao amor e vítima da paixão - pensou. Invejou os que conseguem. Lamentou não ser um deles.
Continuando a passos rápidos, o tema perseguia com ainda mais pressa. Na camisa de uma moça no metrô: "Love is my sin" (O amor é meu pecado). Ou será o pecado que não ousa cometer? Invejou os pecadores. Lamentou não ser um deles.

Longos meses mais tarde, se deparou com a raposa, que com seu pêlo alaranjado e vistoso, a seduziu com garras mansas. Não soube, ao certo, em que momento a teria reconhecido, mas sabia que era ela, a raposa fugidia. Seria o fim das lamentaçoes por sua ausência, e o início da desafiadora arte da convivência. Sim, o amor, essa raposa, exige arte.

menina branca de neve


Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

Ferreira Gullar

Foto: Fernando Naiberg.
Captada em Lisboa

quinta-feira, 9 de junho de 2011

aaaaaaaaaahhh!



Me tire da rotina, me tire da rotina, me tire da rotina!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

turning tables


Me vigia como uma raposa, me queima e me marca feito brasa, me cospe ainda viva e intacta, inteira, sagrada. Sua menininha mal criada, personalidade forte, palavras gritantes cuspidas e marcantes. É disso que sou, é disso que também és. Dita, escrita, privada, espalhada, de cara fechada e raivosa, te olhando com firmeza, com ganas, com garra. Vem e me atiça, me segue e não larga, com olhos curiosos, com faro aguçado, com passos ligeiros, me persegue e cobiça. Por medo da perda, por medo da busca, não sabe se vai, se sobe no muro, se pula de lá ou se me prende numa gaveta. Em meio a papéis, fujo amassada, menina com pressa, mulher de tato, a que quebra redomas, a que rasga as amarras, a que foge de celas, desfaz as palavras. Casada com vontades, apenas com vontades, não se vê presa, não se vê em estantes, não se vê fixa nem numa frase de poesia, ainda que terna, não se gosta eterna, não se gosta pontuada e por isso se faz amiga das vírgulas, escorpianda fugidia, ame-a ou deixe-a, mas não a peça pra viver de meio termos, meias frases, meias verdades. Matando fantasmas, matando mentiras fantasiadas, matando trapaças. Luzes mortas em meio a sua capacidade de reacender uma grande mulher.

domingo, 5 de junho de 2011

É!


...que assim seja!

terça-feira, 31 de maio de 2011

t.p.m.






TPM pede um grito, pede um poço, um infinito. TPM pede, ordena e comunica, que precisa de um momento, uma pílula matutina, um break, uma pizza, tudo junto e tudo em cima, um transbordo, um super clima, um impulso feminista, uma sombra que fascina, uma fuga repentina. Tchau.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Ofegante.



"Às vezes o que me falta é descanso. O que me escapa é a pausa. Como se em uma distração a vida pudesse fugir. Minha respiração é curta como é rápido o meu pulso. Sempre alerta. A postos para não parar. Ainda mais com uma vida outra batendo fora de mim, um amor de pernas e braços que caminha sem fim pra ganhar o mundo. Tenho fobia do não fazer. E penso tanto, que nem cabe na fala. As 24 horas do dia, dou um jeito de transformar em 30, nem que seja no silêncio da madrugada. A vida sempre me diz "Não tente me controlar", mas eu finjo que não entendo. O que ela quer de mim é coragem, já disse o João. E eu faço de conta que sou corajosa. Mas faço tão bonito, que ela até acredita."

Cristina Guerra - Amor e Ponto

Meu novo achado me descreveu muito bem.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

sujeira


"Amiga, pare de contar pras pessoas que Papai Noel não existe! Elas precisam descobrir por si próprias!"

Falling star


"Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Ah, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz
Olha,
Será que é uma estrela?
Será que é mentira?
Será que é comédia?
Será que é divina a vida da atriz?
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se um arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida"
Beatriz - Chico Buarque

*


Nasceu número de alma, 8. Invertido, o infinito. Missão de vida, sete. Sete vidas. Sete amores. Não conhecia música com seu nome. Haveriam por aí Beatrizes, Lucianas, Milas, Carolinas e Dianas. Infinitas Macabéas à sua exigente vista. Elas sim foram cantadas com direito a refrão. Mesmo já tendo ouvido que era "irritantemente linda" e "perigosamente inteligente", não era dona de nenhuma canção. E não por falta de merecimento, e nem por falta de músicas presenteadas. É, era certo que após a tal missão, estrela luminosa despencaria do céu feito um diamante polido. Num ano sete, com uma missão de vida sete, a numerologia a colocou num inferno astral, à beira de uma overdose de informações, nessa abstinência do que não se pode mais ter, reprojetando com todo cuidado calculado as suas novas re-significações.

Ela teria sua própria música. Algo a dizia que sim, ela teria.

Amor?

Para vestir a camisa e vender o peixe, e, de quebra, informar a quem se interessa sobre a programação cultural de Salvador, aí está o site do programa da TVE, o Soterópolis.

http://www.irdeb.ba.gov.br/soteropolis/

E já que estou recomendando a mercadoria, aí vai uma amostra do produto.

"Numa mistura entre documentário e ficção, Amor?, novo longa-metragem dirigido por João Jardim, aborda as relações amorosas que envolvem violência – seja ela moral ou física.




Entremeado por cenas poéticas de um mergulho no mar, um banho despretensioso, corpos que se procuram e se tocam, o filme traz relatos verdadeiros e surpreendentes de quem já viveu relacionamentos em que a violência era parte de um cotidiano muitas vezes doentio e outras vezes foi a pedra de toque para o despertar de uma nova fase.

No entanto, devido à delicadeza do tema, em vez de revalar as identidades de seus entrevistados, Amor? traz atores e atrizes interpretam esses depoimentos. “São relatos muitos sinceros de pessoas que viveram situações que envolvem ciúmes, culpa, paixão e poder. Até pensei em mostrar os verdadeiros personagens na tela, mas, além da privacidade de cada um, havia a privacidade do parceiro de quem falavam”, conta Jardim.

A fase de pesquisas, realizada em centros, organizações e delegacias, consumiu um ano de trabalho. Foram gravadas 50 entrevistas. Destas, oito foram selecionadas para serem interpretadas.

Amor?, em tão pouco tempo, já arrebatou o troféu de melhor filme, conferido pelo júri popular no Festival de Brasília em novembro do ano passado.






Pra quem não conhece o diretor, João Jardim foi codiretor do documentário Lixo Extraordinário (2010), que recebeu Prêmio Especial do júri e melhor documentário no Festival de Paulínia de 2010, Prêmio Festival de Berlim e no Sundance Film Festival. Além disso, dirigiu Janela da Alma (2002) – codirigido com o fotógrafo Walter Carvalho e Pro Dia Nascer Feliz (2005)."

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Dia-a-dia




Eu queria ter um espaço acústico portátil na bolsa para aqueles momentinhos do dia em que somente um grito poderoso é capaz de aliviar o stress do cotidiano. Cotidiano, com aquilo tudo repetidinho diariamente, me inunda de um tédio alarmante. Falo em alarme porque chego até a escutar o click sonoro na minha cabeça, que parece constar até legenda: - Hora de mudar tudo!

Nesses dias eu planejo mudar a posição da cama no meu quarto, pintar a parede de uma nova cor, inventar um novo corte de cabelo ou qualquer mudança capilar que me permitisse me olhar no espelho e me sentir renovada. Nesses dias eu mudaria de cidade e até de país. Pintaria o criado mudo de azul, mudaria até seu nome pra criado falante (não me agrada silêncio em excesso). Inventaria um novo hobbie, começaria um novo livro, iria num barzinho novo, ouviria uma nova música, provaria uma nova comida, e se tivesse sorte, uma nova bebida. Procuraria por aula de dança flamenca, talvez de jazz, com algum esforço quem sabe um pilates. Me interessaria por aula de gastronomia, por curso de línguas que ainda não falo, por viagens a lugares que ainda não conheço. Até voltaria a países aos quais já tenho opinião formada, só pra criar novas. Me abriria pra novos olhares, e de fato, iria com novos olhos.

Nessa busca desenfreada pelo conhecimento, tenho descoberto novos autores, novos blogs, novas leituras, novas exposições, e outras tantas formas de cultura. Tem sido fascinante, e às vezes enlouquecedor. É tanto pra ser visto, que minhas sinapses nervosas vibram e meu coração bombardeia sangue pelas veias a ritmo de uma velocidade ensandecida. E há uma vaidade enorme em cada novo conceito que eu adquiro, me sinto lisonjeada por ser presenteada com tanto.

É bem como se dissesse: o destino insiste em você, aproveite. É bem como se agora, com tanto acontecendo, eu quisesse contar e precisasse, para isso, acalmar num papel a euforia que está aqui dentro. São agitações quase que vestidas de gente, com mamãe sacode na mão, confete e serpentina. Meu ego fazendo a festa e todo o resto acompanhando.

Dos estímulos, os melhores, conto com uma nova sala de trabalho na qual me encontro agora. Nas paredes, posters, cartazes, postais e fotografias das mais variadas. Progragandas, anúncio de shows, de palestras e passeatas. E porque não fazemos mais delas? Porque não protestamos e ajudamos esse país a receber o que merece? Porque nos acostumamos a enxergar essa selvageria e achar que nada nunca vai mudar? Posso estar sendo mais uma menina ingênua que sonha com um futuro melhor pro seu país, mas como diria John Lennon: "i hope someday you join us". E espero de verdade. Por mais dignidade e amor, vale a pena até ser clichê hoje nesse escrito aqui.

P.S: Eu não sou nenhuma ativista, mas admiro a paixão dos que são. Se alguém souber onde posso encontrá-los, me avise. Tenho a leve impressão de que essa garra apaixonada e tão excitante só se encontra hoje em filmes.

P.S.2: Coincidência ou não, acabo de receber uma passagem de Osho que achei que valia a pena dividir com vocês.

"Você só recebe aquilo que tem, porque aquilo que você tem se torna uma força magnética, atrai algo semelhante. É como um bêbado que chega a uma cidade: logo ele vai encontrar outros bêbados. Se um jogador chegar a uma cidade, logo ele se tornará conhecido dos outros jogadores. Se um ladrão chegar a uma cidade, logo ele encontrará outros... ladrões. Se um buscador da verdade chegar à cidade, ele vai encontrar outros buscadores. Tudo que criamos em nós se torna um centro magnético, cria certo campo de energia. E nesse campo de energia as coisas começam a acontecer.
Assim, se você quer as bênçãos da existência, deve criar toda a bem-aventurança de que for capaz, deve dar o máximo de si, então uma bem-aventurança multiplicada por mil será sua. Quanto mais você tiver, mais receberá.
Quando esse segredo for compreendido, você ficará cada vez mais rico interiormente, sua alegria será cada vez mais profunda. E não há fim para o êxtase — você tem apenas de começar na direção certa." Osho - Meditações para a noite

terça-feira, 3 de maio de 2011

"Mudernidades"









Num século no qual até a minha vó tem msn, facebook, orkut,e me envia, no mínimo, 5 emails de "correntes" por dia, as redes sociais confundem até os mais moderninhos...Vide diálogo no facebook chat:

- Sumiiiiiida!
Fui!
- Doiiiiido!
Fui!
- Hahahahaha!! Doido é sacanagem!
Fui!
- Venha cá...por acaso isso aqui é um walk-talk onde o "fui" substitui o "câmbio"?


E se o facebook é um dos retratos do mundo moderno, vale lembrar que, por conceito de arte moderna entende-se "uma nova abordagem da arte em um momento no qual não mais era importante que ela representasse literalmente um assunto ou objeto". Vulgarmente falando, é aquela arte que você olha e pensa: ué, eu poderia ter feito isso aí!- mas não fez! Não querendo desmerecer grandes nomes como o de Tarsila Amaral, Salvador Dali, Frida Kahlo, Pablo Picasso e Andy Warhol. Mas pensar nesse sentido me fez lembrar que, segundo o filme que conta a história do Facebook, foi bem mais ou menos por aí mesmo...três estudantes da Universidade de Harvard acusam Mark Zuckerberg, o nerd criador do site, de terem roubado a sua idéia(Simples assim!). Então eu pergunto: se fosse tão simples, porque não fez você mesmo sua arte moderna, cara pálida? É, meu amigo, arte moderna hoje em dia é provida até pela internet. Criou, virou arte!Viagem minha ou não, o fato é que, no mundo atual, onde você pensa em algo e algo já está construído, mais vale o bico calado do que idéias voando. "Fui!"

Bazar de sonhos



Você me disse que eu deveria brilhar. Eu segui o seu conselho. Estou quase um cometa Halley que se despedaça na via láctea e larga seus pedaços feito chuva caindo no planeta Terra. Ahh, e sabe o que encontrei por lá? Baús espalhados e lotados num grande bazar de sonhos! Sabe quando as pessoas abrem mão dos seus sonhos? Eles não se perdem, baby! Eles flutuam no espaço, onde a gravidade não exige posições! Não é fantástico? E com tanta intimidade com o cosmos, andei ouvindo vozes. Desconfio que sejam minhas também, mas ainda é cedo para atestado de insanidade. Há uma vida tão promissora esperando por mais loucuras, que uma mera chuva de meteoritos parece até celebração dos sonhos. Acho que eles saltitaram fora dos seus baús e o grande bazar está em liquidação! Vende-se sonhos, mas vale mais criar o seu! Enquanto a Astronomia prevê estrelas cadentes dando vôos kamikazes pela atmosfera mundo afora, o meu mundo aqui dentro explode de estrelas vivas (Sim, porque algum dia me disseram que estrelas eram mortas) loucas para se espalhar!

Stand and stare, é o que eu diria.

Surprise!


"Acho bom que seja alguma coisa!" - Pensou, ao ler a mensagem que acabara de receber. Não costumava ter surpresas te esperando do lado de fora da sua porta, exceto quando o passado havia batido com um cachorro no colo, ou ele mesmo in person numa noite estranha.

Medo de abrir a porta. Vestida apenas com uma lingerie, espiou pela brechinha de vidro jateado do lado da porta. Não via nada.

Voltou ao quarto, ligou pra o número desconhecido. Em vão.

Ligou para uma amiga. No dia em que Bin Laden foi dado como morto pelos Estados Unidos após uma década foragido, e que, naturalmente, ele era o assunto de 10 entre 10 conversas, a resposta que ouviu foi: "será que é Osama?"
Risos.

Vestiu um hobbie de seda preto. Voltou até a porta, mas não tinha coragem de abrir. E se for assalto? E se me sequestram? E se for um bolo? (ué, mas não é meu aniversário!) E se forem flores? E se...
Bem,

Entre bombons, flores, e ursinhos de pelúcia...ME DÊ UM SAPATO!!!

Dona de espaços




Chove na cidade da festa, chove nas calçadas claras um céu escuro. Já não chovem os olhos meus, e é de conforto que vivem hoje os meus pés cor de gelo. Carros buzinam lá fora, e aqui dentro, meu coração estacionado num canto seguro do meu peito. O calor do chá que fervi pra viver o outono, o canto de cama onde se deitam livros e histórias. Dos outros, minhas, nossas. O seu lado vazio preenchido por páginas, onde me foram dadas lacunas em branco. Essas mesmas que me esquentam a alma e me esfriam a espinha. É de um hedonismo triunfante essa arte do preenchimento, e confesso, sou feita desses momentos. Sou espaços onde eu mesma me completo, sou a graça que coloco em sorrisos, sou olhos afoitos por aprendizados, e sou mãos que seguram com leveza e ao mesmo tempo agarram.
*

Fotos Ruth Orkin no: http://everyday-i-show.livejournal.com/113204.html

domingo, 24 de abril de 2011

des.


Penando pra se interessar por qualquer frase, caminhava por entre ruelas de pedra. Contava cada uma na qual pisava, esfolada, guerreira munida de fibra. A bandalheira podre te apontava por entre as vielas, mas também dentro de si havia uma parte não digna de si. Queria apenas se merecer. Merecer sua beleza, seu instinto, seu talento. Aquele talento elogiado, apontado, que agora irritadiço recusava-se a se exibir por entre frases em papéis, ou rabiscado por entre teclas ao descaso. Coração doente, descrente, e um espírito arredio, rebelde. Personalidade quente coberta por uma pele fria, por uma couraça de amontoados de gazes flageladas. A boca partida, as unhas negras, o ar desgrenhado de sua palidez reconhecida. Com desdém, tem a sua força reconhecida, a sua arte percebida. Partia de si os passos para a glória ou para o abismo. Partia de si os fios de plenitude soltos ao vento, partia de si qualquer que fosse plano, qualquer mero evento. Sua vontade mastigada, suas raivas estraçalhadas. Era temível e não era de temer. Queria escrever, e iria escrever, qualquer pedaço de sentimento rasgado de si, estaria ali, abandonado nas consoantes, porque sem as vogais não poderia partir. Partiria até sem dentes, sem sorrisos, sem unhas pra encravar por entre peles e paredes. Mas não partiria sem as vogais. Não sem as vogais que cabiam em si. E as gastaria até o fim. Somaria letras, desconsertaria frases, pontuaria enfim cada devido final de si...e recomeçaria divina, em cada retalho de ferida e de rasura, ainda mais inteira, ainda mais majestosa, com sua graça sem fim.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Dia do beijo


l'amore è un bacio senza il mondo intorno!

(o amor é um beijo sem o mundo em volta!)

sexta-feira, 11 de março de 2011

Paralelas




"Como é perversa
a juventude
do meu coração
Que só entende
o que é cruel
e o que é paixão"

*

a cem por hora, oh meu amor, quem abre os braços sou eu!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Festa no mar!


"Rainha do mar
Yemanja Odoiá Odoiá
Rainha do mar

O canto vinha de longe
De lá do meio do mar
Não era canto de gente
Bonito de admirar

O corpo todo estremece
Muda cor do céu do luar

Um dia ela ainda aparece
É a rainha do mar

Yemanja Odoiá Odoiá
Rainha do mar
Yemanja Odoiá Odoiá
Rainha do mar

Quem ouve desde menino
Aprende a acreditar
Que o vento sopra o destino
Pelos caminhos do mar

O pescador que conhece
as historias do lugar
morre de medo e vontade
de encontrar

Yemanja Odoiá Odoiá
Rainha do mar!"

Gal Costa

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Feliz dia seu!


"Some people come into our lives
and quickly go.
Some people move our souls to dance. They
awaken us to new understanding
with their passing whisper of their wisdom.
Some people make the sky more beautiful to
gaze upon. They stay in our lives for awhile,
leave footprints on our heart,
and we are never, ever the same."

*

Algumas pessoas vão sentar do seu lado e nunca vão sair. Vão dividir com você a sua paisagem, a sua vista, o seu sonho. Para essas pessoas, a melhor morada vai ser sempre o seu coração, porque para elas, você nunca vai conseguir negar aquele amor sem condição.

Feliz aniversário, minha amiga irmã.

Amém!




"Nessa cidade todo mundo é d'Oxum
Homem, menino, menina, mulher
Toda gente irradia magia
Presente na água doce
Presente na água salgada
E toda cidade brilha
Seja tenente ou filho de pescador
Ou importante desembargador
Se der presente é tudo uma coisa só
A força que mora n'água
Não faz distinção de cor
E toda cidade é d'Oxum
É d'Oxum
É d'Oxum
Eu vou navegar
Eu vou navegar nas ondas do mar..."

*

Hoje é dia do Senhor do Bonfim, e é também dia da lavagem do Bonfim. Da gentileza a paixão. De brancos e negros, de pardos e mulatos. Bahia. A lua ilumina o centro da cidade como iluminaria um cais a beira-mar. A lua é de todos. Do motorista de ônibus, do flanelinha de carros, dos barões nas marinas, dos doentes de rua. E é também minha, saindo do trabalho com um livro debaixo do braço. Sou Ticiana, brasileira parda com alguns gostos de mulata, que pára numa esquina se escuta um samba tocar. Moro na Bahia, sou de Salvador. Falo cantado, meio miado. Dona de tambor, mulher de pescador, atraída pelo calor, subo as colinas, compro fita, amarro nas escadarias da igreja e agradeço pelo mar. Filha de Yemanjá, dona de ouro, de fazenda com pouco gado, de gasto, de gosto dos filhos de cá.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Never miss a chance


Eu sei, você pede pra ver minha face, pra ler meus lábios, pra jogar pro alto os meus confetes, enxergar com meus olhos as minhas estradas. Mas eu sou feita de um amadorismo inocente, até bonito porém tímido. Quando meu exibicionismo for confiante, quando meu peito for posudo, orgulhoso, menos perfeccionista e mais profissional, eu prometo jogar as folhas escritas pela janela, colar em postes, vender a revistas. Eu prometo um dia flutuar por entre páginas que também serão suas.