domingo, 24 de abril de 2011

des.


Penando pra se interessar por qualquer frase, caminhava por entre ruelas de pedra. Contava cada uma na qual pisava, esfolada, guerreira munida de fibra. A bandalheira podre te apontava por entre as vielas, mas também dentro de si havia uma parte não digna de si. Queria apenas se merecer. Merecer sua beleza, seu instinto, seu talento. Aquele talento elogiado, apontado, que agora irritadiço recusava-se a se exibir por entre frases em papéis, ou rabiscado por entre teclas ao descaso. Coração doente, descrente, e um espírito arredio, rebelde. Personalidade quente coberta por uma pele fria, por uma couraça de amontoados de gazes flageladas. A boca partida, as unhas negras, o ar desgrenhado de sua palidez reconhecida. Com desdém, tem a sua força reconhecida, a sua arte percebida. Partia de si os passos para a glória ou para o abismo. Partia de si os fios de plenitude soltos ao vento, partia de si qualquer que fosse plano, qualquer mero evento. Sua vontade mastigada, suas raivas estraçalhadas. Era temível e não era de temer. Queria escrever, e iria escrever, qualquer pedaço de sentimento rasgado de si, estaria ali, abandonado nas consoantes, porque sem as vogais não poderia partir. Partiria até sem dentes, sem sorrisos, sem unhas pra encravar por entre peles e paredes. Mas não partiria sem as vogais. Não sem as vogais que cabiam em si. E as gastaria até o fim. Somaria letras, desconsertaria frases, pontuaria enfim cada devido final de si...e recomeçaria divina, em cada retalho de ferida e de rasura, ainda mais inteira, ainda mais majestosa, com sua graça sem fim.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Dia do beijo


l'amore è un bacio senza il mondo intorno!

(o amor é um beijo sem o mundo em volta!)