

Não basta que eu crie os quinhentos mil planos, eu preciso é inventar. Não basta que sejam falíveis, tendo se dito infalíveis antes, a graça é não se contentar. Não é cabível tanto sonho, mas o que seria da vida sem o sonhar? Meio onírico, meio meu, e ainda a flutuar. Ganhou o dote, venceu a corrida, pulou do abismo, levou o prêmio. Meio onirício, meio meu, e ainda é o meu eu a levitar. Não tendo inspiração, me entrego ao vinho, deixo de ser minha, viro sua, viro do texto, de palavras de mãos dadas a me carregar. Não as controlo, elas palpitam, têm vida própria, impossível ignorar. Me embriago da falta de vergonha, o vinho do amor, ai meu coração a ponto de me entregar! E se por um deboche não encontrares graça, qual sorriso vai me recepcionar? Não basta meu charme, eu preciso que me aprove. Não basta meu gosto, preciso que você me prove. Vôos longínquos e independência no espírito exigem mais do que possa imaginar.