quinta-feira, 5 de maio de 2011

Dia-a-dia




Eu queria ter um espaço acústico portátil na bolsa para aqueles momentinhos do dia em que somente um grito poderoso é capaz de aliviar o stress do cotidiano. Cotidiano, com aquilo tudo repetidinho diariamente, me inunda de um tédio alarmante. Falo em alarme porque chego até a escutar o click sonoro na minha cabeça, que parece constar até legenda: - Hora de mudar tudo!

Nesses dias eu planejo mudar a posição da cama no meu quarto, pintar a parede de uma nova cor, inventar um novo corte de cabelo ou qualquer mudança capilar que me permitisse me olhar no espelho e me sentir renovada. Nesses dias eu mudaria de cidade e até de país. Pintaria o criado mudo de azul, mudaria até seu nome pra criado falante (não me agrada silêncio em excesso). Inventaria um novo hobbie, começaria um novo livro, iria num barzinho novo, ouviria uma nova música, provaria uma nova comida, e se tivesse sorte, uma nova bebida. Procuraria por aula de dança flamenca, talvez de jazz, com algum esforço quem sabe um pilates. Me interessaria por aula de gastronomia, por curso de línguas que ainda não falo, por viagens a lugares que ainda não conheço. Até voltaria a países aos quais já tenho opinião formada, só pra criar novas. Me abriria pra novos olhares, e de fato, iria com novos olhos.

Nessa busca desenfreada pelo conhecimento, tenho descoberto novos autores, novos blogs, novas leituras, novas exposições, e outras tantas formas de cultura. Tem sido fascinante, e às vezes enlouquecedor. É tanto pra ser visto, que minhas sinapses nervosas vibram e meu coração bombardeia sangue pelas veias a ritmo de uma velocidade ensandecida. E há uma vaidade enorme em cada novo conceito que eu adquiro, me sinto lisonjeada por ser presenteada com tanto.

É bem como se dissesse: o destino insiste em você, aproveite. É bem como se agora, com tanto acontecendo, eu quisesse contar e precisasse, para isso, acalmar num papel a euforia que está aqui dentro. São agitações quase que vestidas de gente, com mamãe sacode na mão, confete e serpentina. Meu ego fazendo a festa e todo o resto acompanhando.

Dos estímulos, os melhores, conto com uma nova sala de trabalho na qual me encontro agora. Nas paredes, posters, cartazes, postais e fotografias das mais variadas. Progragandas, anúncio de shows, de palestras e passeatas. E porque não fazemos mais delas? Porque não protestamos e ajudamos esse país a receber o que merece? Porque nos acostumamos a enxergar essa selvageria e achar que nada nunca vai mudar? Posso estar sendo mais uma menina ingênua que sonha com um futuro melhor pro seu país, mas como diria John Lennon: "i hope someday you join us". E espero de verdade. Por mais dignidade e amor, vale a pena até ser clichê hoje nesse escrito aqui.

P.S: Eu não sou nenhuma ativista, mas admiro a paixão dos que são. Se alguém souber onde posso encontrá-los, me avise. Tenho a leve impressão de que essa garra apaixonada e tão excitante só se encontra hoje em filmes.

P.S.2: Coincidência ou não, acabo de receber uma passagem de Osho que achei que valia a pena dividir com vocês.

"Você só recebe aquilo que tem, porque aquilo que você tem se torna uma força magnética, atrai algo semelhante. É como um bêbado que chega a uma cidade: logo ele vai encontrar outros bêbados. Se um jogador chegar a uma cidade, logo ele se tornará conhecido dos outros jogadores. Se um ladrão chegar a uma cidade, logo ele encontrará outros... ladrões. Se um buscador da verdade chegar à cidade, ele vai encontrar outros buscadores. Tudo que criamos em nós se torna um centro magnético, cria certo campo de energia. E nesse campo de energia as coisas começam a acontecer.
Assim, se você quer as bênçãos da existência, deve criar toda a bem-aventurança de que for capaz, deve dar o máximo de si, então uma bem-aventurança multiplicada por mil será sua. Quanto mais você tiver, mais receberá.
Quando esse segredo for compreendido, você ficará cada vez mais rico interiormente, sua alegria será cada vez mais profunda. E não há fim para o êxtase — você tem apenas de começar na direção certa." Osho - Meditações para a noite

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