quarta-feira, 8 de junho de 2011

turning tables


Me vigia como uma raposa, me queima e me marca feito brasa, me cospe ainda viva e intacta, inteira, sagrada. Sua menininha mal criada, personalidade forte, palavras gritantes cuspidas e marcantes. É disso que sou, é disso que também és. Dita, escrita, privada, espalhada, de cara fechada e raivosa, te olhando com firmeza, com ganas, com garra. Vem e me atiça, me segue e não larga, com olhos curiosos, com faro aguçado, com passos ligeiros, me persegue e cobiça. Por medo da perda, por medo da busca, não sabe se vai, se sobe no muro, se pula de lá ou se me prende numa gaveta. Em meio a papéis, fujo amassada, menina com pressa, mulher de tato, a que quebra redomas, a que rasga as amarras, a que foge de celas, desfaz as palavras. Casada com vontades, apenas com vontades, não se vê presa, não se vê em estantes, não se vê fixa nem numa frase de poesia, ainda que terna, não se gosta eterna, não se gosta pontuada e por isso se faz amiga das vírgulas, escorpianda fugidia, ame-a ou deixe-a, mas não a peça pra viver de meio termos, meias frases, meias verdades. Matando fantasmas, matando mentiras fantasiadas, matando trapaças. Luzes mortas em meio a sua capacidade de reacender uma grande mulher.

Nenhum comentário:

Postar um comentário