segunda-feira, 24 de maio de 2010

Spread your wings!


"É dificil aprisionar os que têm asas."

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Eu sei, prometi que iria, e não é que tenha mudado de idéia - e você sabe, mudar de idéia é um hobbie meu - mas esses dias quentinhos assim tem me deixado pensando de monte. Eu sei, pensar de monte além de hábito, também é hobbie. É premissa, promessa de vida, promessa de tudo que ando dizendo por aí que vou fazer. Eu vou repetir, pra convencer a você e a mim, que eu não, não mudei de idéia de novo - e também porque preciso de credibilidade no que grito em auto falante pro mundo ouvir, sabe? Eu mudo de idéias, e acho que gosto. Gosto do mutável, do inconstante movimento livre de ir e vir, de te odiar hoje e voltar a te amar amanhã, de ter toda certeza do mundo que o mundo está acabando nesse exato momento dentro de mim, e acordar no dia seguinte sem a menor dúvida de que vale a pena viver até os cento e sessenta anos, pulando de pára quedas do alto de um avião. Então camarada, serei obrigada a concordar hoje - talvez discordando amanhã - que é melhor mudar de idéia do que não ter idéias pra mudar! E é com o perdão da idade que eu te peço pra respeitar, ainda que eu te pareça voluvel, inconstante, ou que não saiba ficar. Acho que não vale a pena aprisionar uma mente fértil, e nem um espírito solto. E se o pensamento voa longe, que vá sem pressa de voltar, como eu mesma tenho feito por aí. Que se espalhe, se expanda, se confunda e se esclareça, quantas vezes precisar, porque, nao... ainda não há quem me faça desacreditar!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

por fim...


Haviam pétalas em cores claras caindo sobre si, e havia um vento morno te abraçando. Seu caminhar era calculado, restavam minutos te aguardando. Um olhar distraído em meio ao cotidiano. Um pensamento longe em meio às obrigações do dia. E logo mais eu te diria: não espere por mim, eu já estou longe. Estou, estive, estaria. Prefiro que não replique, mas que aceite mais um adeus em meio a tantos, tantos entretantos, mesmo sem muita alegria. Não que fosse diferente, seria apenas uma vez a mais, entre tantas outras vezes contadas nas etapas de não ser, não se sentir, especialmente feita pra ti.

Put your hands up for Fatboy!




É com desapontamento que eu anuncio: Fatboy Slim party em Clapham Commom, South London. Esse ano não vai acontecer em Brighton - o que já torna menos interessante, afinal, qualquer festa na praia é muito mais empolgante - mas o que realmente me desanimou foi a data: 29 de agosto de 2010. Uma pena, não estarei mais aqui, façam as honras da casa por mim!

Vide vídeo:

http://blogs.myspace.com/index.cfm?fuseaction=blog.viewcustom&friendId=39749365&blogId=529753041&swapped=true

terça-feira, 18 de maio de 2010

seja lá pelo que for...


"Sim, você é louca, louquinha. Mas vou lhe contar um segredo:
As melhores pessoas são assim!"
[Alice no País das Maravilhas]

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É porque tenho cara de quem não ama ou porque escorrego por entre abraços? É porque tenho ar de quem encara tudo ou porque me desmacham as mágoas? É porque me acha valente ou porque me sente frágil? É pela frieza ou pelos quentes momentos? É pela indiferença ou pelos excessos? É por não parecer séria ou por não saber forçar alegria?

Let it be!





"Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise.

Blackbird singing in the dead of night
Take these sunken eyes and learn to see
All your life
You were only waiting for this moment to be free."


(Blackbird - Beatles)


*

Queria ficar ali, de longe pra poder ver, e tão perto que podia sentir. E naquele momento, só queria te guardar no olhar, só queria te guardar. Não sabia não, como iria deixar-te pra trás, como iria deixar de ser sua em tempos de loucura, de cólera, de amor, de pânico, de paixão. Como iria deixar de ser intensa nas suas ruas. Como iria deixar de se transformar em quem realmente era, perto de você. Porque associou você a assumir-se quem era, e associou essa bravura aos dias de luta em sua companhia. Tornara-se mais forte com a sua ajuda, mas não seria por ingratidão que te daria as costas. Não te preocupes, em reais perspectivas, jamais te daria as costas. Que o passado então se guardasse com liberdade, pois assim se sentiria a vontade pra visitas ocasionais após passagens de saudade.

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Fotos na Abbey Road.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Por aqui!



"London is a bad habit one hates to lose."

*

É por essa imensa áurea de inesperados ao meu redor que Londres me ganha. É pela capacidade de revirar e mudar tudo quando menos esperamos, pelas chances que palpitam nosso peito, pelos sonhos que alimenta na nossa alma, pelo poder de nos fazer querer mais e de fazermos mais pelo que queremos. A chamada capacidade de superação. Londres é especial. Tintura vermelhos em meio a cinzas, borbulha energia em meio ao desânimo, e só não levanta quem cai e desiste. É especial pela lei das compensações que me ensina - ganho hoje, perco amanhã, volto a ganhar quando menos esperar, no entanto, quando eu mais merecer. E modéstia a parte, eu venho merecendo. Não me superei hoje sozinha, nos superamos juntas a cada dia, nessa cidade que me torna cada vez mais essa pessoa que não desiste, e que luta com toda sua força pelo que quer. Até o fim. Ufa!
Por essas e outras é que dizem: quem já morou um tempo fora vai carregar, pro resto da vida, um coração dividido.

Impossível seria não deixar um pedaço do meu por aqui...

De outro tempo



"Me fui... me voy, de vez en cuando a algun lugar
Ya se, no te hace gracia este pais...
Tenias un vestido y un amor... yo simplemente te vi.

Todo lo que diga esta de mas,
las luces siempre encienden en el alma
y cuando me pierdo en la ciudad,
vos ya sabes comprender... es solo un rato no mas,
tendria que llorar o salir a matar...
Te vi, te vi, te vi... Yo no buscaba nadie y te vi."

(Caetano Veloso canta Fito Paez)


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E porque é a mim que chegam as vistas repletas de deslumbres, que vejo assim um tanto cheia de romantismo, e colocando cores aonde poderia ser cru. É por romantismo que entorto o rosto pra te sorrir, e cruzo pernas, caminho com graça, faço arte, choro e me descabelo. Engraçado que seja chamado de drama essa minha forma de me expressar, mas se fujo, sou covarde. Se fico, sou o drama, porque não saberia fazer muito diferente. Toda birra, cara amarrada, bico, choro e cena, existiriam mesmo que ninguém estivesse assistindo, acredite. Essa sou eu, e não pense que é porque acho bonito. Sem máscaras, eu ainda falaria sozinha, e te rogaria mil pragas, e te mataria mil vezes, a cada vez que me decepcionasse. E juraria nunca mais querer te ver nem pintado de azul anil, ainda que quando a raiva passasse, eu perdoasse qualquer bobagem e entortasse mais uma vez o rosto na hora de sorrir. Talvez tivesse que ter nascido em outra época, ou até noutro lugar. Quem sabe em Paris, aonde romances transbordam de paixões e doces visões...talvez aqui mesmo, no tempo das carruagens e vestidos de espartilho, quando desabotoar botão por botão, talvez fosse somente por amor, por loucura, por paixão.

sábado, 8 de maio de 2010

la vie en rose



E desde então eu me recuso a enxergar nada que não seja bonito, colorido, iluminado, e simples como tudo deveria ser, ao menos quando tudo tenta te entristecer. E me recuso a ver rosto murcho, sorriso escondido, e gotas de chuva fria. E desde então, tenho recebido o céu cor de rosa, e esperado o azul anil do meu Brasil. Tenho recebido os verdes das gramas e esperado o verde do mar. Em paz, com o sossego da rede de lá. Uma boa rede, um bom colo, uma boa brisa quente, tudo pra me recepcionar.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Going ahead...



"Não sou uma pessoa infeliz. Em momento algum as tristezas me imobilizaram, e não foi por coragem que isso se deu, mas por temperamento. Há nos meus interiores um entusiasmo indelével que me move. Se estou às portas do abismo, de dentro sobe um fogo que queima os nós da garganta, devolve-me a respiração e a voz, e por fim brota em mim uma curiosidade por todas as coisas. Assim tem sido."

Maitê Proença - Uma vida inventada

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Eu só queria estar, sem precisar estar. Eu sei, eu não sou fácil de ser entendida, mas você concorda que sou fácil de ser vivida? Às vezes um bonde ladeira abaixo, às vezes um foguete rumo à via láctea. Não dominar meio termos faz parte do trajeto, mas também cansa. Tem dias em que tudo morre dentro da gente, em outros renasce, em outros simplesmente brota, surge, chega, começa, se inicia. Suportar opostos e contrapostos e todo ar lânguido que acompanha mudanças de humor, de clima, de dias e dias de descobertas ao meu redor, tem sido excitante, porém hoje, apenas calmo, silencioso e escuro. A hora de voltar chama, e eu fico sem saber se atravesso essa ponte de olhos fechados, ou se assisto bem atenta aos últimos capitulos desse filme sem fim, de tudo que vem a mim.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Num futuro qualquer


"I'll tell you in another life, when we are both cats" (Vanilla Sky)

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E era assim mesmo que eu te queria. De perto, de pele, de cheiro misturado com o meu. E era de encanto mesmo que eu te merecia, bem aonde o vento faz a curva e bagunça o nosso cabelo. Bem aonde a gente se bate por acaso numa esquina de corredor, e bem aonde os olhos se cruzam e, por um milésimo de segundo, se reconhece quem nunca se viu. Era assim mesmo que eu te queria. Quente, acolhedor, presente. E era bem o tipo de voz que me agradava, e bem o tipo de comentários que me fazem rir de perder o tempo. E era por quem eu esperava que o tempo corresse quando ausente, e que parasse na minha janela e namorasse o meu sorriso sem conseguir correr, quando você estivesse por perto. E era daquelas pessoas que me abriam as asas e me deixavam voar. Pra ser mais exato, era daquelas pessoas que voariam junto comigo. Que incendiaria minhas noites de sonhos distantes, e que acompanharia meus devaneios com bom humor. Mas a arte do tempo era que ele me paquerava há anos, e enquanto eu vivia fazendo charme, ele vivia sem me deixar seduzi-lo. Vai que um dia a gente entra num acordo, e quem sabe em alguma próxima estação, se acerta o passo no mesmo embalo e passamos a curtir daquelas mágicas noites de estrelas, de verão a verão.


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http://www.youtube.com/watch?v=T4vIVpSSH7Q&feature=related

Presente


"Eu vim da Bahia contar
Tanta coisa bonita que tem
Na Bahia que é meu lugar
Tem meu chão, tem meu céu
Tem meu mar
A Bahia que vive pra dizer
Como é que faz pra viver
Eu vim da Bahia
Mas eu volto pra lá
Eu vim da Bahia
Mas algum dia eu volto pra lá!"



A saudade está engolindo meus dias de verão londrino, e eu já acordaria na Bahia amanhã mesmo se pudesse. Quanto de você e de lugares que se encontram no seu peito, seria possível de acumular dentro de um só caminho? E se a vida não pedisse exclusividade, como seria bom viver cada dia num canto, assim saudade seria visita ausente, e o passado não viria nostálgico. Seríamos apenas presente. Porque o futuro viria, todos os dias, embalado em caixa com laço de fita vermelho, e um singelo cartão dizendo: "Me sinta aonde te faço falta, e volte quando quiser. Boa sorte, até mais, um beijo, minha amante, minha mulher."

minha psicóloga sem escolha


Você me disse que havia um ciclo pra ser finalizado, e que, acima de qualquer suposição que não fosse genuinamente minha, eu, somente eu, saberia quando chegasse a hora de partir. Eu guardei com zelo, e reli suas linhas sempre que precisei. Agora entendo sobre esse momento, e mais ainda, entendo sobre o que vim buscar. Foi preciso subir muitos degraus, você sabe. Foi preciso pagar dívidas, castigos, subir igrejas de joelhos, e foi preciso saber-se sozinha. Mas, principalmente, foi preciso querer. Aquela garra que eu buscava e que nasceu assim em mim, naturalmente, pelo caminho. Se não tivesse suas palavras, esse caminho teria sido mais escuro e amedrontador. E se você reconhece em mim tanta coragem, ela não vem apenas de um id acelerado pelo que quer, somente por querer. Vem da maturidade que o tempo me deu, da necessidade de superação que a vida me deu, de uma tal de proatividade, e da expectativa que você deposita em mim, devo admitir. Para não te decepcionar, eu pulo. Porque sei que você espera que eu pule, e sempre precisei fazer por alguém também. Porque aqui dentro tem alguém com tantas dúvidas, e com tantos anseios, que as vezes se paralisa. Vez ou outra se desmancha e se desfaz. E se você não risse disso, eu não teria me achado tão normal. E pelo seu diploma de poder me dizer que, não, eu não sou maluca de verdade, eu me permito às minhas loucuras com essa falsa insanidade. Então vim aqui te agradecer. Pela parceria incondicional, e por me fazer acreditar em tudo que sou, e que às vezes nem me lembro. Agora vai lá cuidar dos doidos de verdade, porque já já eu vou te dar trabalho só pela metade. Prometo. :)