segunda-feira, 19 de julho de 2010

always apart


"[...] Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. A noite ultrapassou a si mesma, encontrou a madrugada, se desfez em manhã, em dia claro, em tarde verde, em anoitecer e em noite outra vez. Fiquei. Você sabe que eu fiquei. E que ficaria até o fim, até o fundo."

*

Por isso não te possuia, por isso não deixava-se possuir. Ficar por livre desejo era tão puro. Sem nem mesmo saberem, eram companheiros, e sentavam-se lado a lado nos cantos dos pensamentos, diariamente. Combinavam horarios, datas marcadas, e quase sempre se desencontravam. Restava no fundo aquele toque de piano calmo, triste, solitario, a ausencia da pele, a presenca da voz abafada. Tentavam não demonstrar que se frustravam, tentavam ser maiores que a parceria tão forte que os uniam. Talvez não soubessem que fosse pra tanto, e não diriam, jamais diriam o quanto se pertenciam sem ao menos desejarem. Mas quando acontecia da arte do encontro os presentearem com alguns minutos, se abracavam ate sem se tocarem, conversavam sem trocar palavras, e iam embora com o coracão sereno, por saberem existir para ambos. Em qualquer canto de mundo, de tempo, e de vez, bastava saber que voce existia. E eh por isso, meu bem, que te digo que não te preocupe, nas esquinas por onde passo, eu recebo suas flores.

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