sábado, 14 de agosto de 2010

do tempo





E porque me perguntou eu te digo que tem sido assim, um tanto estranho estar de volta pra casa. Tenho conseguido me sentir sozinha entre mil pessoas e quando penso em contar, tenho a leve impressão de que não seria compreendida. Como se meu mundo interno fosse um código de barras pra essas pessoas. Como se eu fosse um quadro abstrato daqueles do Tate Museum, que as pessoas olham os rabiscos vermelhos e não entendem o que leva um artista famoso a pintar um quadro gigante apenas com pinceladas de tinta vermelha. Arte Moderna, talvez eu seja arte moderna. Mas é bem assim que eu estou, e é bem vermelha que tenho sido desde que dei maior importância a esse sangue quente e ansioso correndo em meu peito. Estar de volta provoca dor física. Sinto um vazio daí...um espaço que não se preenche com nenhuma tentativa de substituição, um espaço de Londres que ficou e não se doa, não se rende, não se empresta e nem se esquece! E vou te dizer: isso dói! Já é tarde, eu acabei de voltar de uma festa. Tudo esta normal, mas eu não gosto dos normais, não gosto de comuns, de previsíveis e de tudo certo demais. Me dá falta de ar! Minha boca fica seca e com a voz já rouca eu tento gritar: tenho sede de novo! De novo, entende??? E se as pessoas parecem de plástico, e se seus mundos não falam a minha língua, e se eu não caibo mais nesse espaço apertado, que tipo de vida minha alma já planeja pra próxima fuga? Por enquanto o que me parece é que saí da máquina do tempo depois de uma chacoalhada, pousei de outra galáxia e estou perdida nesse antigo planeta. Se tem salvação, eu sei não.

3 comentários:

  1. Oi Tici, tinha um tempo que não passava por aqui... Seja bem vinda!!

    Sei tudo que está sentindo, I´ve been there. Tenho uma coisa para lhe dizer, é maravilhoso redescobrir nosso lar. Quando passamos um tempo fora, as amizades que perduram são aquelas que realmente valhem a pena... As outras que ficam na lembrança, ficarão na caixa de saudades boas.. Daí, mudamos a ótica que tinhamos de tudo e principalmente das pessoas. Nos questionamos como andamos em determinado grupo em determinada época de nossa vida e vemos que hoje já não faz mais sentido. Percebemos que crescemos e tenha certeza, essa nova visão do mundo antigo, da terra natal, nos trás novas pessoas, um reencontro consigo mesma. Lhe digo, morei em duas "salvador" antes e depois do intercâbio. A de agora é bem mais interessante, mas só pude ter essa clareza um ano após o retorno.

    Verás!! Boa Sorte...

    Enquanto isso, vá curtindo as mordomias: salão, manicure, drenagem linfática, mimos em casa, estar perto da família, o clima sempre maravilhoso, a familiaridade das coisas e a certeza de que tudo que plantamos é eterno, seja lá onde for!!!

    Beijão

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  2. Obrigada Mila!!!!! Vou tentar ver com bons olhos! hahaha! Por onde vc anda? Bjos!

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