quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Céu de estrelas minhas


"Cause all of the stars
are fading away
Just try not to worry
You'll see them someday
Take what you need
and be on your way
Stop crying your heart out..."

O céu de Londres é bem movimentado. É como se houvesse uma passagem entre o mundo de lá e o de cá, e por esse céu sem estrelas, entra de tudo. É um entra e sai de gente, é um entra e sai de sonhos, e nesse abrigo é onde eu me escondo. De repente me lembrei dos episódios de “Caverna no Dragão”, e se eu te contasse que entre todos eles, eu queria ser a menina da capa da invisibilidade, não seria em vão. Entretanto, é com certo desespero que te conto, meu amigo, eu sou o unicórnio, aquele que não consegue voltar pro mundo real, aquele que inclusive, não deixa que todos os outros voltem. “Se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí”, nômade, “sem lenço e sem documento”, curtindo minha síndrome de Peter Pan, e eu vou indo por aqui assim sem muito rumo, sem muito compromisso, com muito pensar, pulso firme e sorte no ar. Não sei bem por que, mas deve ser por muito merecer, que no final, tudo me vem com muito acerto, encaixe perfeito, solução que faltava. Ouvi dizer que sou uma filha-da-mãe-sortuda, e respondi que o bem vem pra quem é do bem, e somente por isso existe um encanto mágico que me faz respirar aliviada nos finais. Todos os meus finais são prazerosamente o que eu sempre desejo, tudo se encaixa, tudo se completa, e eu termino em risos, às vezes em prantos, mas é de pura emoção. Minhas lágrimas combinam com Londres porque eu já cheguei aqui chorando, e não é que foi pra melhor? Se eu pudesse escolher, escolheria ser eu mesma todas as manhãs dos meus dias, e dormiria satisfeita todas as noites, sendo o que sou. Dá trabalho, me rende uma boa cota de pensamentos criativos diariamente e me exige uma boa pose de maioral, quando não caio no choro em momentos de cara limpa, sem máscara de fortaleza. Mas vale a pena. Só me encanto pelo que faz meu coração pular, e nessa mania intensa, eu me vejo feliz. Mais fácil do que ser feliz tendo de tudo, é se dizer e realmente ser feliz, tendo de tudo e mais um pouco de perrengues pelo caminho, e ainda assim, sorrir e fazer sorrirem. Eu não me orgulho somente do que construí, mas me orgulho mais ainda do que estou disposta a fazer crescer em mim. Alma clara, sorriso largo, espírito limpo, e sonhos nas estrelas que não existem por aqui...ou até existem e já se foram...estão indo, pouco a pouco, cada qual com seu sonho, cada qual com sua rota. Dói, mas eu aposto em reencontros, aposto na força dos destinos, no poder do nosso pensamento, no querer, e mais ainda, no buscar. É difícil deixar a Terra do Nunca, é difícil atravessar o portal pro mundo real quando o mundo dos sonhos é tão colorido, sonoro, e nos protege como uma toca, caverna, abrigo. Mais difícil ainda, é se esconder para sempre. Por isso, estou voltando. Essa vida de unicórnio não combina muito com minha cara à tapa, e meu ritmo maioral. Depois desse céu, existem outros céus, e por isso eu vou por aí, buscando céus que me preencham. Quando vejo o mundo, entendo porque eu ainda estou aqui. Meu querer é intenso, e minha busca é eterna dentro de mim. Conseguir é secundário, sonhar é necessário.

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