terça-feira, 3 de maio de 2011

Dona de espaços




Chove na cidade da festa, chove nas calçadas claras um céu escuro. Já não chovem os olhos meus, e é de conforto que vivem hoje os meus pés cor de gelo. Carros buzinam lá fora, e aqui dentro, meu coração estacionado num canto seguro do meu peito. O calor do chá que fervi pra viver o outono, o canto de cama onde se deitam livros e histórias. Dos outros, minhas, nossas. O seu lado vazio preenchido por páginas, onde me foram dadas lacunas em branco. Essas mesmas que me esquentam a alma e me esfriam a espinha. É de um hedonismo triunfante essa arte do preenchimento, e confesso, sou feita desses momentos. Sou espaços onde eu mesma me completo, sou a graça que coloco em sorrisos, sou olhos afoitos por aprendizados, e sou mãos que seguram com leveza e ao mesmo tempo agarram.
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Fotos Ruth Orkin no: http://everyday-i-show.livejournal.com/113204.html

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