segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Oh Clock!



"A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa"
(Lenine - Só o que me interessa)
***
Quatro da manhã. Livro fechado, papel de chocolate ao lado. Quarto escuro, luz acesa. Dentro de mim. Luz, holofote, fogos de artifício. Um clarão, tudo acordado aqui dentro, e eu ainda não dormi. Ontem ainda é hoje e insiste em permanecer sendo, mesmo que daqui a pouco amanheça, que o sol (se Deus quiser!) apareça! Insônia. Uma noite, duas, três. Poderia ser por culpa das noites perdidas de um fim de semana que começou na quinta e foi agitado até hoje ao escurecer. Domingo. Eu. na. Espanha. Eu. morando. aqui. Eu. ainda. não. me. sentindo. em. casa. aqui. Ponto. Ponto? Isso não vai mudar? Essa sensação de estar à passeio, de férias, de que essa ainda não é a minha vida? Não gosto dos cem mil pensamentos antes de dormir, não gosto dos cem milhões de planos esperando atrás da cortina a hora de entrar em cena e se tornarem reais. Não gosto de deitar e ficar escutando a minha respiração com o silêncio de fundo, não gosto do tic tac do relógio que eu mesma coloquei na mesinha de cabeceira, me lembrando do tempo que urge, em marteladas precisas, de segundos se transformando em horas numa questão de sessenta minutos inquietantes. Não gosto de ter tanto tempo livre, o meu bom senso vira comparsa do meu superego e juntos eles gritam nos meus ouvidos surdos: " Rédeas, mocinha! Rédeas mais curtas!". E se eu as tivesse, eu me freiaria? Por agora eu só queria não ser tão impaciente, não ter tanta ânsia de possuir tudo exatamente na hora em que quero. A calma de um monge, o espírito zen de qualquer sábio, a benção do sagrado, a certeza de que tudo chegará, se eu fizer a minha parte e souber esperar. E se de quebra eu pudesse já me sentir dona das ruas por aqui, seria um bônus e tanto!

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