quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Antigo e ainda atual?


Ser humano. Ser sentimento. Sentir. E como é difícil sentir-se humano. Ser história, fazer história, lidar com a própria história. Coração: Onde tudo se confunde, onde tudo se define, se embaralha, se mistura. De onde surgem as vontades. De onde surgem os amores. Amor: palavrinha mágica que faz brotar a vida, que faz o sol ser quente, o dia ser bonito, a chuva ser agradável, e as estrelas serem mais do que pontinhos brilhantes no céu. Sentimento bom que pode doer, sentimento nobre que pode ser egoísta, sentimento puro que pode ser confuso. Abstrato. E tudo que vem da alma é complexo além de abstrato. O abstrato visto como belo, visto em formatos que instigam e em cores que hipnotizam. Uma só alma em um só corpo. Uma só alma que mal cabe em si, uma só essência, que nasce com a gente, que cresce com a gente, e que é repassada pela gente. Um pouco do que a natureza nos deu, misturado com um tanto do que herdamos de uma união que nem escolhemos, mas que assumimos com destreza. Um misto de vivência com a cara da vida da gente, com o que viveram antes da gente. Uma única chance de viver o tudo, uma única vida para tantos “todos”, tantos planos, ânsias, desejos e vontades. Se fosse possível, quantos não se multiplicariam para viver todas as suas opções sem ter que escolher apenas uma? Escolhas nos remetem a caminhos que talvez nunca se cruzem. Escolhas cobram tudo que queremos ser, viver e fazer. Escolhas se tornam marcos nas nossas vidas porque são capazes de mudar qualquer rumo já pré-determinado. Escolhas nos levam a algum ganho, e a alguma perda, afinal, não se pode ter tudo. Cabeça: onde tudo borbulha, ferve, esquenta, faz, se desfaz, se recria, se organiza, muitas vezes se desorganizando. Da bagunça vem a ordem, da queda vem o salto, do medo vem o impulso. O medo traz o escuro, mas os olhos ainda enxergam. Os olhos se adaptam a ele, são mais fortes que qualquer escuridão. Os pés deslizam como que à procura do que não se conhece, e vão de mansinho tornando os passos mais largos até estarem correndo, voando. É a busca incessante pela felicidade, sobre a qual muito se fala, e pouco se aproveita quando esta aparece. “Quem não sabe o que procura, não reconhece quando encontra”. E o que é felicidade? São momentos. Podem durar 5 minutos, 5 horas, 5 dias, mas não uma vida toda. E é mesmo bom que seja assim, para que o doce seja doce e o amargo seja amargo. Se você não conhecesse um, não saberia que o outro é tão especial. Qualquer ato aponta um traço de personalidade, até mesmo a ausência deles. Há tanta intensidade em alguns, e tão pouca em outros, que as pessoas tornam-se diferentes. Há tanto de expressão em mim, que quando mais quero, quase não me expresso. Ainda sou menos do que busco ser e me cobro muito por isso. Ainda sou menos do que preciso ser, conforme meus padrões perfeccionistas e modelos que nem devo seguir, e me frustro com isso. Idéias. Idéias que são fonte de ânimo, da empolgação que não murcha. Sou um paradoxo, incompleto, porque também sou coerência. Nem sempre me contradizendo, mas sempre me refazendo. Me registro em textos impessoais e me aposso de letras e estrofes com as quais me identifico. Me denuncio em mim mesma e às vezes me odeio por isso. Sou sentimentos que me ultrapassam e vivo aprendendo a administrar isso. Sou o sim e sou o não, sou a luz e a escuridão, sou fogo e sou carvão, sou terra, sou um turbilhão.

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