quarta-feira, 22 de abril de 2009

Sobre ela




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Foto: Montagem com fotos do: http://www.flickr.com/

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Dizem que ela sorri com gosto, mas que suas lágrimas pesam como uma dor. Dizem que seus passos são rápidos, mas que seus caminhos são círculos infinitos que giram e voltam ao mesmo lugar, até se confundirem com outros círculos por aí. Dizem que ela é meio maluca sem cura, mas que tem algum juízo. Que é muito falante, mas que se cala com firmeza quando assim decide. Dizem ainda que ela cospe palavras escritas com precisão, mas que se engasga para falar dos seus sentimentos mais crus. Dizem que sua boa memória é de dar medo, e que sua mania detalhista é eficiente quando necessária. Dizem que ela não dispensa uma brisa vinda com sol, que guarda lembranças em cheiros, que tem um gênio de lascar, e que suas histórias dariam um livro. Dizem que sua essência é mais que sua aparência, que ela não adormece fácil mas que não gosta de acordar, que seu sexto sentido é independente, e que ela ri mesmo falando sério. Dizem que sua vida é uma piada, que ela ri na cara da desgraça, que seu sarcasmo se embola com suas verdades, e que ironias são seu hobbie quando precisa se defender. Dizem que ela usa escudos de aço, mas que se despe com vinhos e boas palavras, mais ainda se forem musicadas. Foi vista por aí acreditando em palavras, e sustentando-as como base para seus atos eternos. Dizem os mais entendidos que ela coleciona palavras. Que seu passatempo é caçá-las. Dizem os mais íntimos, que ela sonha com chuva de papel picado colorido, com piscina de jujuba, com cachoeira de suco de uva, com campos de girassóis e sinfonias em alto volume nos seus ouvidos. Dizem também que é meio atrapalhada, que se esbarra nas pessoas, mas que sabe cuidar de pessoas. Dizem que ela se doa a parcerias e investe em intensidade. Que ama o amor e cultua a liberdade. Que, quando derretida, de fria e calculista, vira quente e letrista. Que inventa apelidos porque gosta de inventar. Dizem que acredita em castelos, e mais ainda, no seu próprio castelo de sonhos. E até temem que ela não saia de lá. O medo dela é ir e não conseguir voltar. Dizem que ela gosta de se deitar sobre o céu, que aponta estrelas e nuvens com intimidade, e que não há dia em que não goste da sua companhia e fique à vontade. Dizem que gosta de se deixar pintar, e que gosta de se deixar voar. Dizem os mais maldosos que ela gasta além do que tem em posses, mas que tem muito mais em desejos, e não os deixa por realizar. Dizem que ela é fada mesmo sendo gente, que é criança mesmo sendo adulta, que é menina mesmo sendo mulher, que troca feijão por sorvete, que tem apetite infantil com gula animal. Ela não tem só fome, tem vontade de comer. É rainha das vontades, e portanto, tem vontade de beijar, vontade de pular, de lá, de ficar, por lá. Foi vista guardando flores, foi flagrada roubando frases, foi incentivada a escrever sobre seus humores. Mesmo triste, acostumou-se a rir, e desde então, acostumou-se a fazer rirem. Forçada a fazer, não faz. Desafiada, vai até o fim. Dizem que ela não é tradicional, mas que em alguns pontos é careta, ou que ela não é careta, mas que em alguns pontos é tradicional, seja lá o que for. Que foge dos padrões quando se revolta, que quebra regras e as renova, que os limites do seu corpo às vezes não são suficientes para toda a alma que ela tem. Diziam quando mais nova, que nela faltava concentração, e até já foi punida por tanta distração. Quando menos percebe, se vai com as estações, e quando acorda com o sol no rosto, sente-se feliz. Começa novos dias a cada dia, se lança em fantasias, criadas inevitavelmente ao longo dos tempos vagos, quando se deixa levar pela imaginação. E sempre se deixa levar pela imaginação. E sempre volta recheada de idéias. Dizem que, de tanto não conseguir se calar, por vezes fala com si própria e até com suas outras versões que, com certeza, nela habitam. Dizem que ela se escancara sem pudores, mal sabem das suas vergonhas, ela acha que sabe disfarçar. Dizem que ela curte entrevistas, e que de tantas entrevistas que tem em mente, e de tantos escritos a publicar, deveria ser jornalista. Mas cismou de ser poeta, e não é recomendável ir contra um poeta. Também nao é recomendável cultivar rivalidades, muito menos com ela. Dizem que mesmo com tudo que dizem para ela, ela ainda se confunde com o que acreditar. Dizem que sua sede é de vida, e que sua fome é de busca infinita, que seus valores são antigos, que suas roupas são modernas, e que sua alma tem a mesma idade da idade do céu. Dizem que ela faz de limão, limonada, e que não se incomoda de compartilhar, de fato até se diverte quando tem que contar. Ah, dizem também que ela sabe tudo que dizem sobre ela, e que, sem excessão alguma, aprecia cada um dos dizeres sobre si. E que assim fechem as cortinas, pois dizem que depois que tudo termina, ela também gosta de descansar.



3 comentários:

  1. Olá, Ticiana! Prazer em conhecê-la, mesmo virtualmente, rs! Será sempre bem vinda ao blog, fique à vontade =)
    Boa sorte com o seu blog, continue escrevendo!

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  2. Amiga que lindo! Sua descrição perfeita! Fico feliz de ver o seu crescimento e sua autopercepção, como poucas pessoas tem de si própria!Está no caminho certo minha amiga! TE AMO!

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  3. ''Dizem que ela faz de limão, limonada, e que não se incomoda de compartilhar, de fato até se diverte quando tem que contar''.

    Isso é mto voce!
    e isso é mto bom de ser.

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