terça-feira, 14 de abril de 2009

Relato antigo de um dia qualquer...

Resmungava da falta de tempo pra tudo, qualquer coisinha que fosse sendo adiada e adiada em função da falta de tempo. Tempo. Preciosa contagem de quanto temos em mãos. Entre descansos corriqueiros nas três horas de ônibus por dia, sonhava com mais tempo. Entre intervalos de aulas e reuniões de trabalho, corria contra o tempo. Contradição de ir contra aquilo que você mais quer ter. Tempos modernos mocinha, vai aprendendo! E pedia pelos tempos antigos, pedia pelas manhãs de desenho animado, lembrava de como se sentia o Garfield que so pensava em "comer dá sono e dormir dá fome", pedia pelo misto quente com queijo derretido e vitamina de banana da infância, lembrava dos dias que teve catapora e gostou! Criança pilantrinha quando arranja motivo pra não ir pra escolinha gosta, mesmo sendo doença que coça e deixa marquinha. E comemorava correndo em volta do molhador de grama. Liberdade! "Essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda".Lembrava do "Bicudo", mais conhecido como "o homem do saco", que leva a gente embora, caso a comida ficasse no prato. Lembrava da história contada pela Tia-avó, fingindo que os feijõezinhos davam as mãos e iam em filinha pra nossa boca, enquanto se balançava na rede, do lado de fora de casa. Lembrava das tardes em que chegava do colégio e ficava largada em casa, ainda de farda, na cama dos pais, enrolando pra estudar, comendo biscoito Bono com Nescau, assistindo video show, vale a pena ver de novo, sessão da tarde, malhação. Pedia pra voltar no tempo, mas achava que era em vão, até cair de febre, gripe, molho. Quando você não pára por si só, seu corpo da um jeito de fazer você parar. Quando as coisas não acontecem de dentro pra fora, vem um fato externo que faz acontecer de fora pra dentro, já dizia a secretária gordinha do meu antigo estágio, quando comecei a ficar grandinha. Grandinha e em casa o dia todo já não tem mais a mesma graça. Apenas um dia e o tédio já toma conta da grande tarde de video show e você já nem acha mais que vale a pena ver de novo, e desliga a TV antes de malhação começar. Coisas com gosto de infância ficam pra sempre na nossa memória, e têm um valor maior enquanto estão la guardadinhas. Quando a gente já não cabe mais no modelito da Cris & Nanda e da Lilica Ripilica, quando a mochila da Company já não combina mais nas nossas costas e quando o conga, o tênis de moranguinho e o Reebok preto de botinha já ficam rídiculos nos nossos pés, ficar em casa esperando a vida passar também é ridículo, e a única coisa que ainda é cabível na cena atual é o colo de mãe. Esse sim, pode passar 500 anos, continua se encaixando muito bem!

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