sexta-feira, 24 de abril de 2009

Morar fora


Eu já li alguns textos sobre "morar fora", e sem querer me influenciar por eles, aqui vai o meu. Sempre sonhei em me aventurar pelos "foras" do mundo, e agora que finalmente estou por aqui, descobri que na verdade não estou tão fora assim...aliás, estou cada vez mais dentro. Leia-se: de mim mesma. Como sou minha companhia mais frequente, frequentemente me pego pensando na morte da bezerra. Como se eu ja não fosse pensativa o bastante, agora sou sou ser pensante não mais como hobbie, mas também como estilo de vida. Não há de ser tão ruim assim, queimar alguns neurônios vez ou outra! Logo eu, tão tendenciosa a dilemas e questões existenciais, e sempre tão cheia de pressa, agora o que mais tenho é tempo. O que já foi uma necessidade, hoje sobra. Para mim e só pra mim mesma. Eu em carreira solo, by myself, on my own, sozinha. Nunca me senti tão sozinha e portanto sendo obrigada a conviver e conhecer bastante essa que é minha única companhia: eu mesma! Que dureza! O que antes eu acreditava convictamente que sabia e dominava, hoje volto à estaca zero e recomeço. Aprender tudo que eu achava que já sabia e não sabia nada! Era só pose! Isso sim é se bastar, não aquela brincadeira de ser independente que eu costumava levar a sério. O sério agora vem só de mim, quando eu quero, na hora que quero e SE quero. Porque quando decido também, tudo muda. E tem mudado com frequência. Boto arte aonde quero, risada aonde vejo graça, e os dias vão fluindo com o passar das horas, que às vezes se arrastam, e às vezes simplesmente voam. Algumas verdades devem ser ditas...não que eu precisasse ir para tão longe para conhecê-lás, mas já que aqui estou, vale confirmar o que minha mãe já dizia. Se algum dia pensei que minha vida mudaria da água pro vinho caso eu fosse embora, me enganei completamente. Meus pensamentos, dúvidas, todas as minhas questões e conflitos parecem me perseguir aonde quer que eu vá. Todo dia quando saio da minha aula de alemão, vou andando pela ruas que já conheco, a procura de ruas ainda desconhecidas, e escrevendo isso agora percebo que vivo nessa eterna procura, mas o que é mesmo que estou buscando? Coloco meu fone de ouvido, ligo minha trilha sonora, e sempre toca "Miss Independent" pra me animar! Entretanto, aqui, sou Miss Inconstante. Há dias em que me sinto livre, leve, independente, com um milhão de caminhos na minha frente pra escolher e voar. Aí como se uma ventania viesse e levasse essa empolgação toda, eu fico "blue". Fico me sentindo presa, e tudo que mais desejo é me teletransportar pra minha casa. São dias em que me pergunto porque estou aqui, e sinceramente...ainda nao achei a resposta, mas acredito que antes de voltar ela vai aparecer, afinal, deve existir uma explicação pra tanta solidão! Então de repente eu penso que eu já nem sei mais aonde é a minha casa... E mais uma vez relendo o que já escrevi, me achei dramática. Mas se não for intensa, não sou eu! E aí cabe todo o drama, todos os excessos, todas as expressões...em hipérbole! Nao desgosto dessa minha característica, mas me dá um bom trabalho pra administrar! Vivo cada dia com todos esses pensamentos muito meus, e basta uma brecha para que eu os divulgue. Uns goles de vinho e já estou aqui contando tudo isso...Mas peraí , era pra escrever sobre mim ou sobre morar fora? Desculpa, é que já não sei aonde começa o meu "eu" e termina o mundo. A essa altura, já nos misturamos e nos confundimos um com o outro. É muito bom mudar de idéia as vezes, e melhor ainda é ter idéias para mudar. Mas sabe, essa coisa de ser sozinho não deve fazer muito bem por muito tempo, afinal já dizia o poeta: "fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho".

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