quarta-feira, 7 de abril de 2010

Imigrante di mierda

"Vamos sair
Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão
Procurando emprego
Voltamos a viver
Como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
envelhecemos dez semanas
Vamos lá tudo bem
Eu só quero me divertir
Esquecer desta noite
Ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
Esperamos que um dia
nossas vidas possam se encontrar

Quando me vi tendo de viver
Comigo apenas e com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo
Eu, homem feito
Tive medo e não consegui dormir."


**


Eu, mulher feita, também não tenho dormido. Tem um comichão de desassossego consumindo as horas escuras, quietas, caladas, e que deveriam ser sossegadas. Vontade quando bate não pede aprovação, ela apenas quer. Eu também sempre fui de bater o pé. Se eu fosse um sentimento, seria uma vontade. Se eu fosse invisível, você me sentiria tomando conta dos seus sentidos, do seu sistema nervoso, impregnando todo seu corpo de "querer". Mas o quê? O que você quer eu não sei, mas sei bem tudo que me move. Vontade move o mundo, move as pessoas, as galáxias. É por vontade de ver o sol e de também ver a lua, que a Terra gira. Foi por vontade de Romeu, que Julieta fingiu morte e no final, de fato se matou. Foi por vontade de chegar na Índia que Colombo chegou na América, foi por vontade de chegar em algum lugar, que eu cheguei aqui. Vontade é sentimento que tem posse. Posse do que quer, e do que vai ter. Vontade é id, é obstinada, é ousada, é criança birrenta que ignora perigos, que não se interessa pelos "contras" e só aceita os "prós". Vontade tem audácia, e raramente dá sossego. O que sei é que essa vida de imigrante de mierda tem lá seus altos e baixos, venho aprendendo dia após dia. Mas o que mais sei é que nada é mais meu, do que o que ficou pra trás, e que agora me cutuca com agonia.

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