quarta-feira, 28 de abril de 2010

'til the end...keep giving it some heart!



"Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa. [...] E se ela se afogar, se recupera"

*

E às vezes não é fácil acordar ainda no escuro, e não é fácil limpar a casa dos outros, cuidar do filho dos outros, servir no casamento dos outros. Não ser a convidada. Ser quem serve aos convidados. E não é fácil ouvir os "nãos" do caminho, nem é fácil se despedir de quem levou os seus "sins". E às vezes dá vontade de sair correndo, de voltar pro conforto, pro aconchego, pro "bem bom". Vontade de, no mínimo, lutar de igual para igual. Vontade do trabalho que pede pelo esforço da cabeça, e não pelo esforço do corpo. Não é fácil correr atrás de ônibus quase todo dia, e também não é fácil carregar sua casa nas costas a cada vez que for se mudar de casa. Não é fácil não ter uma casa fixa, sua. Assim como não é fácil recomeçar tudo novo, de novo, e de novo e de novo. Não é fácil ver os amigos partirem, e até para gente das mais extrovertidas, uma hora cansa o ato de "fazer novas amizades", quando nunca se sabe ao certo até quando essas novas amizades vão durar. Se vive um Big Brother da vida real. Amizades rápidas, conexões rápidas, decepções na mesma medida. Relações passageiras. E um coração cansado, um corpo cansado, mas ainda de pé. Batendo, pedindo, exigindo, que você ainda dê tudo de si. Que você ainda busque por cada um dos seus objetivos com a mesma garra do primeiro dia. E que se lembre, no último, no quanto valeu a pena ter lutado tanto para se tornar quem você mereceu ser.

Eu sei que poderia ter dito tudo isso metaforizado, enfeitado, a dor em poesia, mais fácil de ser digerida. Mas eu não quis. Quis assim, nua e crua. A dor em letra maiúscula. E me dei o direito de escrever assim, pra me dar o direito de sentir assim.

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